Recortes

2022

“Publicou agora Manuel Maria Carrilho um novo livro, A Democracia no seu Momento Apocalíptico, em que aborda alguns aspectos da progressiva, e imparável, crise da democracia no mundo. E, como nos adverte, logo no início, o autor, a democracia não é o fim da História, como há anos um tristemente célebre ensaísta afirmou.” (...) “Não será melhor começar a pensar no que poderá vir depois da democracia, tal como Jacques Derrida o descreveu ao escrever “o fim aproxima-se , mas o apocalipse será de longa duração”? Dito de outro modo, não estaremos nós a viver o momento apocalíptico da democracia, no sentido em que tantas e tão profundas mutações ocorreram e em que tantas metamorfoses já hoje se insinuam?”

Júlio Magalhães, Blog “Do médio Oriente e Afins", 30.11.2022

“Na apresentação que fez do livro “A Democracia no seu Momento Apocalíptico”, José Miguel Júdice destacou como palavras-chave e ideias-força essenciais da obra as seguintes: “a lógica e o imperativo do ilimitado; o extremismo de centro; a crise como grelha de leitura e horizonte inultrapassável; a necessidade da regulação das interdependências; o individualismo como origem do ultra-liberalismo e do mini-socialismo; o mercado como novo deus; o Estado social como gerador do individualismo de solipsistas cada vez mais livres, mas também mais impotentes.” Sublinhou ainda o modo como nesta obra se analisam alguns outros pontos, nomeadamente “o paradoxo democrático (cada vez mais iguais e vivendo a diferença como uma insuportável desigualdade); a tensão entre as exigências contraditórias do ilimitado e dos limites; a transformação da Esquerda no lugar pessimista onde deixou de ser possível a crença no progresso e se tornou manietada por um conservadorismo defensivo”.

José Miguel Júdice na apresentação do livro
A Democracia no seu Momento Apocalíptico,
Palácio das Galveias, 28.09.2022

pdf

“O antigo ministro da Cultura, ex-Embaixador na UNESCO e Professor Catedrático alerta para a crise da democracia - à beira do fim? -, para o poderoso extremismo do centro e para a indolência da Europa. Avisos e reflexões de uma "democracia no seu momento apocalíptico", novo livro de Manuel Maria Carrilho.

Entrevista a Artur Cassiano, DN, 28.09.2022

pdfpdf

“Carrilho lança na quarta-feira o segundo livro daquilo a que quero chamar a “tetralogia virtuosa”, A Democracia no seu Momento Apocalíptico (...) O prólogo será o Pensar o que lá vem, de Janeiro de 2021. A primeira jornada, o Sem Retorno, de Setembro do mesmo ano. A segunda jornada, este. E uma terceira jornada que se chamará, provavelmente, Impensar. É tão raro pensar-se por cá o que interessa, que continuo com Carrilho para a semana.”

“O conceito porventura mais inovador neste livro de Carrilho é o deste aparente paradoxo, o extremo-centro, que domina a política nacional e europeia, em geral o mais perigoso e mais dissimulado de todos os extremos. (...) É a “era das geringonças” (...), em que as performances se sobrepõem aos programas, os interesses às ideias, o estilo à substância, o conectivo ao colectivo, o societal ao social, o consumidor ao cidadão, o indivíduo à pessoas, o global ao nacional.”

João Gonçalves, JN, 26.09.2022 e 03.10.2022

“O livro de Manuel Maria Carrilho - sugestivamente intitulado A Democracia no seu Momento Apocalíptico - uma das pessoas que melhor pensa em Portugal, e é sobretudo um filósofo que vai fazendo o seu trabalho e que nos vai dando algumas pistas para a leitura do momento que vivemos, e que do meu ponto de vista, são demasiado importantes(...) Vale a pena ler Carrilho num tempo como o de hoje.”

  Carlos Magno, “Acasos Objectivos”, CNN-Portugal, 19.10.2022

“João Pedro Gomes - Nem havia teatros fora de Lisboa, estavam degradados, a grande maioria dos teatros...
Manuel Luís Goucha - Aí é um trabalho, honra lhe seja feita, do ministro Carrilho.
João Pedro Gomes - Exactamente...
Manuel Luís Goucha - ...é na altura do ministro Manuel Maria Carrilho que os teatros são recuperados de norte a sul do país:”

GOUCHA, TVI, 11.02.2022

2021

pdf

“As gerações futuras desapareceram dos nossos radares e vivem numa clandestinidade estranha” (...) “Em duas palavras, Sem Retorno, Manuel Maria Carrilho alerta para o "presentismo" em que se vive, como se só existisse o agora, a par de uma "atualidade alimentada pelo infotretenimento torrencial das televisões" que deixa "o que lá vem" para os que se seguem. Para o filósofo, "as gerações futuras desapareceram dos nossos radares e vivem numa clandestinidade estranha, silenciadas pela apologia cínica de um juvenilismo completamente balofo". Quanto à Cultura, define estes tempos como "muito duros" e prevê que "sairá muito abalada da pandemia sanitário-comunicacional em todo o lado, mas em Portugal será pior dado o lastro de incompetência e de negligência com que a Cultura já vinha sendo tratada desde a devastação socrática, que este governo infelizmente não foi capaz de inverter, limitando-se a sucessivos paliativos sem imaginação".
Entrevista a João Céu e Silva, DN, 08.11.2021

Entrevista a João Céu e Silva, DN, 08.11.2021

“O livro (Sem Retorno) de Manuel Maria Carrilho é uma reflexão filosófica de grande qualidade, aliás com um excelente português, com muita lucidez, com muita sabedoria, a partir do que se aprendeu na Covid, e a partir das evoluções que se esperam depois da covid. (...) é um livro fácil de ler, mesmo para quem não seja filósofo, embora tenha uma linguagem muito rigorosa, mas vale a pena ler os capítulos onde ele fala do que chama o paradigma do ilimitado e onde ele fala da tendência para o presencismo. São duas doenças sociais que estão a invadir o mundo, o que ele considera trágico. Leiam, que não darão por mal ocupado o tempo que dedicarem a este livro”

José Miguel Júdice, “CAUSAS”, SICNotícias, 10.11.2021

pdf

“Em Portugal, não é possível dizê-lo de muita gente: Manuel Maria Carrilho produz pensamento e provoca pensamento, interpela-nos, convoca-nos. Talvez mão seja exagero dizê-lo: acorda-nos. (...) Sem Retorno é um título pessimista de um livro fértil. Talvez o seu corolário esteja no “paradigma do ilimitado”, consumido por sociedades iludidas por ficções políticas. Se há desconexão entre a política e o conhecimento, ler este livro é o princípio do caminho contrário.”

Helena Teixeira da Silva, JN,

pdf

“A sociedade ultrapassou os “limiares da irreversibilidade” em com eles deixou de controlar-se a si mesma?. O realismo do livro responde afirmativamente. Eu sou um pessimista sem retorno e que não serve de exemplo. Mas Carrilho está bem mais informado do que eu.”

João Gonçalves, JN, 20.09.2021

“Ao replicar a máxima “só muito adiante se sabe o que ficou para trás", o autor abre a porta para questionar os acontecimentos da atualidade além da pandemia ou também devido à covid-19, como é o fracasso da União Europeia, a globalização, a crise da cultura, entre outros. O estado do mundo é, na sua opinião definido por uma civilização viral alimentada pelo “paradigma do ilimitado”, que atingiu um ponto de não retorno como jamais se verificou na história da humanidade e do planeta.”

João Céu e Silva, DN, 06.09.2021

“É muito raro ter a oportunidade de fazer a entrevista que gostava de ler. Esta entrevista, publicada hoje no Notícias Magazine, com fotografias incríveis de Rui Oliveira, é um desses casos raros. Ninguém, mesmo ninguém, falou como Carrilho nesta entrevista, sobre a pandemia, a primeira psicose mundial (...). e sobre essa coisa perigosamente extraordinária a que insistimos em fechar os olhos, que é o “paradigma do ilimitado” e a incongruência de a nossa liberdade individual crescer na proporção da impotência coletiva. E sobre o populismo e o fim das ideologias e a falta de desígnio político, sobre o país e a Europa e a Cultura. (...) não me lembro, nos tempos recentes, de ter lido tamanha lucidez”

Helena Teixeira da Silva, na sua página no Facebook, 17.01.2021

2020

“- Se o convidassem para ministro da Cultura, aceitaria?
- Não tenho qualquer capacidade. Toda a minha capacidade de gestor é a minha capacidade de encenador. (...) De resto, acho que os ministros não interessam nada, desde Manuel Maria Carrilho que não interessam nada.”

Ricardo Pais, Entrevista ao Observador, 27.11.2020

pdf

“Num livro de 2005, adequadamente intitulado O Impasse Português, Manuel Maria Carrilho resumiu a frivolidade do exercício: “A multiplicação dos diagnósticos nasce, não para ter consequências, mas para consolação da alma nacional.”

João Gonçalves, JN, 28.09.2020

“Ser ministro da Cultura é um privilégio inigualável. Muitos ocuparam esse lugar, poucos se agigantaram. Para a história, ficarão Francisco Lucas Pires e Manuel Maria Carrilho”

                                                                               António Vilhena, Observador, 02.08.2020

“Numa semana em que se celebra a salvação das gravuras do Côa, 17 quilómetros de gravuras do paleolítico ao ar livre, únicas no mundo, vale a pena ler a entrevista que Manuel Maria Carrilho (que ameaçou deixar a tutela se a barragem avançasse) deu a José Jorge Letria, compilada no livro Ser Contemporâneo do seu Tempo (2017), para percebermos a que distância estamos do que um ministério da cultura deve ser.

Helena Teixeira da Silva, na sua página no Facebook, 30.07.2020

“Graça Fonseca entrou no Ministério, mas nunca entrou na Cultura. Foi a ministra na futilidade até a pandemia bater como lava incandescente na bigorna, devastando tudo e quase todos. (...) Mas não estamos só a falar de apoios sociais, de estatuto socioprofissional, mas de estratégia para a Cultura, que não existe desde Manuel Maria Carrilho”

Pedro Santos Guerreiro, Expresso, 23.05.2020

2019

“O Estado perdeu 170 obras de Arte (...) Perdeu-se o controlo da situação. Só quando Manuel Maria Carrilho chegou a ministro da Cultura é que se pôs fim a essa debandada de obras, explica o director artístico do Museu Berardo e ex-Director do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Pedro Lapa”

Alexandra Carita, Expresso, 01.06.2019

2018

“Em 1995, com a entrada em funções de António Guterres, a cultura, com Carrilho à cabeça, ganha uma nova visibilidade. Não foi a primeira vez que teve estatuto de ministério (...) a verdade é que a personalidade de Manuel Maria Carrilho trazia algo ao sector. A sua ambição, à semelhança de Malraux e Lang, era colocar-se no centro da acção política e, embora não tivesse orçamento suficiente para imitar a grandeza francesa de De Gaulle e dos “grands travaux” de Mitterand, nunca deixou de o conseguir “esticar”, ano após ano, até atingir verbas bastante acima da normalidade portuguesa. De certo modo, vivemos hoje, embora sem culpas do próprio, a ressaca desse período.”

Sérgio Barreto Costa, Observador, 25.12.2018

“Nesta que foi - consensualmente - a época de ouro das políticas culturais em Portugal, como Manuel Maria Carrilho como ministro da cultura, é possível encontrar dois vectores fundamentais de descentralização e correlativa municipalização da cultura. Por um lado, salienta-se que o fundamental num processo de descentralização cultural está para além de promover o contacto das populações, meramente pontual e casuístico, com actividades culturais exteriores - leia-se, a descentralização deve ultrapassar as políticas do “acesso” e a mera democratização da cultura cujo paradigma reside na acessibilidade da cultura legitimada. Por outro, afirma-se que, antes pelo contrário, a descentralização reside na necessidade de dotar o país dos meios necessários à concretização de uma vida cultural que incorpore uma componente cada vez mais significativa de iniciativa própria, capaz de produzir, tanto quanto possível, perfis diversificados e autónomos.”

Rui Matoso, Público, 22.11.2018

“Quando comecei a trabalhar na cultura em 1997 o setor estava encantado pela ação do então ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho. Havia orçamento (e isso faz toda a diferença) e as áreas artísticas foram reorganizadas e ganharam um peso político como nunca tinha acontecido. (...) A partir de 2000, com a demissão de Carrilho, essa tentativa de política cultural acabou...”

Óscar E. Casaleiro, Revista de Cultura, Lazer e Viagens, 15.11.2018

“Sucede que, fora António Coimbra Martins e Manuel Maria Carrilho, o talento do PS para lidar com o assunto (a cultura) sempre oscilou entre a irrelevância (J. Sasportes, A. Santos Silva, I. Pires de Lima) e a mistificação (Pinto Ribeiro, Canavilhas, António Costa e M. Honrado, uma vez que C. Mendes não conta). Como Carrilho escreveu no Público, “é bom lembrar que, na passagem do século, Portugal se aproximava do famoso 1% do Orçamento para a cultura”, e que no final do consulado socrático, baixou “até um indigente 0,3% do Orçamento de Estado, que foi onde as coisas ficaram em 2011.”

João Gonçalves, Jornal de Notícias, 09.04.2018

2017

”O namoro do ministro Carrilho não lhe dá nenhum relevo, a não ser a impressão de déjà vu que acompanha a opinião das pessoas sobre a história doméstica dos colunáveis. Não creio que seja um namoro, uma relação, como se diz hoje com uma ênfase psico-dramática. É mais um acidente de trabalho, como acontece quando não se cumprem as regras de segurança num ofício perigoso, como é o de ministro da Cultura. A cultura é um estímulo dos fenómenos cerebrais que pode conduzir a situações difíceis de controlar.” (texto s/d)

Agustina Bessa-Luís, Ensaios e Artigos, vol. 3, 1991-2007,
Fundação C.Gulbenkian, 2017 (2º edição), p. 2423.

“Carrilho é um contemporâneo do seu tempo, isto é, alguém que sempre procurou “falar outra linguagem que não a dos folhetins telejonalescos” e “fazer as perguntas que efectivamente interessam às pessoas”. Como se abundássemos em inteligências, “Carrilho anda agora silenciado (...), parece até que já o condenaram a título simbólico no pelourinho da “opinião que se pública”, a verdadeira dona das instituições e da verdade. O fundamental, porém, escapa-lhes. É que, na vida como no pensamento “tudo pode vir a acontecer de modos que ninguém o previu”

João Gonçalves, JN, 11.09.2017

pdf

Carta a Manuel Maria Carrilho.

Carta a Manuel Maria Carrilho, de João Gonçalves, JN, 06.09.2017

pdf

“Afastado da vida pública há quase dez anos, o antigo ministro da Cultura dá uma rara entrevista à “Notícias Magazine” em que fala da pandemia e do populismo, das presidenciais e do PS, da Cultura e do culto do ilimitado, mas também das curvas que a vida pessoal deu nos últimos anos.”

Entrevista a Helena Teixeira da Silva, Notícias Magazine, 17.01.2021

2016

“Há um só momento no qual houve de facto uma perspectiva sobre o papel do Estado em relação à cultura: foi no ministério de Manuel Maria Carrilho. O Manuel Maria Carrilho foi um bom ministro da cultura. Teve uma ideia e uma acção com um aspecto muito positivo: o de agilizar as estruturas de apoio, fazendo estruturas mais leves. A lógica dos institutos. Mais flexíveis, mais capazes de estabelecerem ligações permanente quer com os criadores, quer com os mediadores. A partir daí, com a reconversão da estrutura do Estado em direcções-gerais, deu-se um passo atrás que agora vai muito dificilmente se vai recuperar.”

Delfim Sardo, Entrevista ao Público, 31.07.2016

“Desde que Manuel Carrilho abandonou o segundo governo de Guterres em Julho de 2000 - tendo em conta o orçamento de que dispunha, parece quase irónico lembrar que saiu alegando que deixara de ter meios para levar por diante a política que traçara - nenhum dos seus sucessores durou muito (...), e nos últimos dezasseis anos, o país teve nada menos do que dez, de José Sasportes a João Soares”. “Sobre o perfil do futuro titular do cargo, (Rodrigo Francisco, da Companhia Teatral de Almada) afirma que o ideal seria alguém que pudesse continuar o trabalho de Manuel Maria Carrilho.”

Joana Amaral Cardoso e Vítor Belanciano, Público, 09.04.2016

“Manuel Maria Carrilho é um homem frontal, claro, bem preparado, defensor do interesse público, conhecedor, pela sua formação, das implicações culturais e mediáticas do Direito, sem tribos nem donos. Ora isto num país em que a deliquescência, o lambe-botismo, a moleza, o compadrio cúmplice e a estupidez por “simpatia” forjam as regras do jogo, torna-o insuportável para os “costumes” e respectivos beatos e beatas.”

João Gonçalves, Blog “Portugal dos Pequeninos”, 23.02.2016

2015

«Acabei de ler este mês dois livros que recomendo vivamente: "Pensar O Que Lá Vem — Para acabar com o Portugal pasmado", de Manuel Maria Carrilho, e "Carta a um Bom Português — Manual para Fazer a Revolução de Cidadania que Falta para Resgatar o País", do corajoso e ativo jornalista, José Gomes Ferreira.
O primeiro é uma reflexão rara no panorama português da filosofia política, e deveria ser lido por todos aqueles que têm votado no Partido Socialista e no resto dos derivados adulterados do marxismo que ainda subsistem no país e no parlamento. Trata-se de uma viagem autocrítica, em sentido lato, ao fim do conforto das boas ideias. É certo que Manuel Maria Carrilho não se coloca nunca fora da órbita do Partido Socialista, que defende como uma identidade para lá das más conjunturas e dos desastrosos protagonistas. O PS é ainda, para o antigo ministro da cultura de António Guterres, a bóia de salvação num naufrágio que nunca mais acaba. À direita do PS, Carrilho apenas vislumbra a fuga em frente da burguesia financeira mundial, que vê como protagonista de primeira linha do individualismo comportamental e do neoliberalismo económico, e cujo enriquecimento pornográfico só poderá promover maiores desgraças no futuro. À esquerda do PS, não descortina mais do que uma mole de arteriosclerose ideológica, oportunismo sindical e aventureirismo hedonista no que resta da extrema-esquerda. A total e irremediável incapacidade da esquerda à esquerda do PS de voar eleitoralmente aconselha, na visão pragmática deste filósofo, promover o aggiornamento do PS, em vez da sua destruição na fogueira do populismo iconoclasta. Não acompanho este desejo reformista orgânico, mas percebo e respeito as suas motivações e ainda quem o acompanha no desiderato.»

A. Cerveira Pinto, Blog O António Maria, 25.06.2015

pdf

«Carrilho ou a difícil arte de pensar»

João Gonçalves, Jornal de Notícias, 19.03.2015

“Precisamos de um ministro que tenha uma ideia de Cultura, continua Pedro Mexia, e não alguém “da cultura” só para cumprir calendário.” Carrilho, na sua opinião, teve.”

   Ana M. de Carvalho, Visão, 20.10.2015

pdf

«Sempre elogiou Manuel Maria Carrilho. Foi o melhor ministro ou secretário de Estado da cultura que Portugal teve?
Não sei com quantos ministros trabalhei, mas em França, para além de Malraux, o único recordado foi Jack Lang. A ideia de ministro da Cultura em Portugal é consubstanciada totalmente em Manuel Maria Carrilho».

Ricardo Pais, entrevista ao Sol, 15.03.2015. Ver também entrevista ao DN, 29.05.2005

2013

LM – É possível um diálogo entre os produtores para tentarem fazer pressão sobre as questões consensuais? Porque há questões consensuais…
MJM – É complicado. Estamos num país onde ninguém quer saber do cinema. Nem os ministros, nem a Cultura, nem o público. O cinema é muito mal visto, os produtores e os realizadores também. Politicamente, não há interesse pelo cinema, pelas salas. Há um problema político em Portugal, porque os ministros da Cultura vão mudando e nenhum chega a fazer trabalho nenhum. Houve o Manuel Maria Carrilho, mas não houve mais ninguém».

Maria João Mayer, in Novas e velhas tendências no cinema português contemporâneo, Ed. Gradiva, 2012


«Carrilho propõe ministério da cultura europeu - o filósofo português defende que um ministério seria um instrumento essencial para reforçar a identidade europeia. Um ministério da cultura europeu, com acções que fossem estruturais, exemplares e contínuas ( ... ). "É urgente desenvolver à escala europeia um Erasmus da cultura", disse Carrilho, o único orador português que participa no Fórum d' Avignon, que durante três dias junta centenas de personalidades mundiais para debaterem os desafios da cultura."

Diário de Notícias, 26.11.2013

«Aqui há uns anos, quando tínhamos ministro da Cultura, no tempo do Carrilho, conseguia, apesar de tudo, fazer uma programação para o ano inteiro. Hoje em dia é praticamente impossível.»

João Reis, I, 19.01.2013

«A cultura pode gerar muita receita, mas não querem ver isso. Deve ser comparticipada, porque é um bem nosso, uma identidade nossa. Mas, por cá, tirando o Lucas Pires e o Manuel Maria Carrilho, nunca se pensou na cultura.»

João Lourenço, entrevista à Visão, 11.07.2013

pdf

Os filmes da minha vida.

OS FILMES DA MINHA VIDA - M.MªC. (20.08.2013)

«’Narratretas', um excelente texto incendiário de Carrilho sobre o rosário de rábulas dessa nova literatura de "colpotrage" que vai invadindo o que resta da vida pública portuguesa, já sem Maria, Não Me Mates Que Sou Tua Mãe, sem Zés do Telhado e sem os irmãos Marçais de Foz Côa ( ... ), mas com ratoneiros e ladrões de estrada subidos até às culminâncias da vida pública.»

Miguel Castelo Branco, Blog Combustões, 04.04.2013

«Esses valores que referiu foram atingidos, apesar de nunca se ter atingido o patamar do um por cento do orçamento para a cultura... Estivémos mais próximos nos tempos do ministro Carrilho ( ... ) desde então foi sempre a descer ... »

Cucha Carvalheiro, entrevista ao Sol, 15.02.2013

2012

«Qual foi o melhor ministro/secretário de Estado em relação ao Património em Portugal?
É difícil, porque se trata de uma área onde verdadeiramente nunca estivemos em alta, mas creio que é consensual a nota positiva para o desempenho de Manuel Maria Carrilho e das suas equipas (Rui Vieira Nery e Catarina Vaz Pinto). Lembro alguns institutos coordenados por Luís Calado, Raquel Henriques da Silva, João Zilhão, o papel fundamental de Paulo Pereira e de muitos outros. Apesar de podermos discordar de mutas coisas que fizeram, trabalharam de forma séria para dar à cultura um lugar enraizado e estrutural para a progressiva evolução inteira e livre dos indivíduos e da sociedade portuguesa.»

Ana Paula Amendoeira (Presidente do ICOMOS/Portugal), entrevista ao I, 30.01.2012

pdf

«Pensar o Mundo - a melhor ideia, rara entre nós. Manuel Maria Carrilho intitulou assim os dois volumes que juntam a sua obra de 30 anos. De repente, não me consigo recordar de outra publicação doméstica, do género e em 2012, que justifique sequer uma nota de rodapé.»

João Gonçalves, Blog Portugal dos Pequeninos, 29.12.2012  

«João Fernandes escolhe Manuel Maria Carrilho como a figura de Estado mais decisiva na história de Serralves: "ao nível do Estado, indiscutivelmente o ministro Manuel Maria Carrilho", respondeu João Fernandes quando interrogado pela Lusa sobre o responsável governamental mais importante durante os 16 anos do seu trabalho em Serralves: ele II deu a coragem, o entusiasmo e o apoio para que o museu acontecesse.»

Lusa, Diário de Notícias, 10.12.2012

«Enquanto ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho deixou uma marca indelével na gestão cultural do nosso País e, por isso, devemos-lhe algo pela forma com requalificou este teatro (o Teatro Ribeiro da Conceição, de Lamego). Com ele, ficou a convicção que a Cultura é património de todos.»

Francisco Lopes, Notícias de Resende, 20.11.2012

pdf

«( ... ) penso que poderíamos ler a sua obra seguindo esse fio condutor: se, por um lado os seus livros estão sempre relacionados com a contingência de situações específicas que lhe instam o pensamento, por outro, nunca encontramos nas suas ideias e problematizações o deleite narcísico de quem gosta de contemplar o pensamento como um fim em si mesmo. Aquilo com que, ao invés, nos deparamos é com o desafio - direi mesmo, com o trabalho - de estar à altura de construir ideias capazes não só de repercutirem as exigências da acção no pensamento como também de inscrever essas ideias num fluxo de efeitos práticos».

Rui A. Grácio, apresentação de Pensar o Mundo, Coimbra, 23.11.2012

pdf

«M.Mª.C. - duas ou três coisas que eu sei dele: 1 - a coerência da obra e do percurso; 2 - o efeito-Carrilho na cena filosófica; 3 - a cultura e a ética no coração da política; 4 - amizade, fidelidade.»

Sousa Dias, apresentação de Pensar o Mundo, Porto, 27.11.2012

pdf

«Existe uma unidade inconsútil entre os estudos filosóficos e a actividade político-cultural de Manuel Maria Carrilho, agora posta em relevo com a edição deste Pensar o Mundo. Com efeito, a divisão dos dois volumes de 1600 pp, em quatro partes ordenadas cronologicamente, operando a republicação da totalidade dos livros editados ao longo de 30 anos, dá-nos a ver, de um modo único, que a actividade política e cultural do autor é, de facto, o prolongamento social, comunitário, da sua reflexção filosófica.»

Miguel Real, Jornal de Letras, 3.10.2012

«A dívida do PS é para com os eleitores e para com a sua própria História - incluindo episódios negros como o de José Sócrates, contra quem apenas alguns cronlcos impopulares militantes como Manuel Maria Carrilho ousaram atempadamente falar, e a quem o tempo não pôde deixar de dar razão».

Nicolau Pais, Jornal de Negócios/W, 14.09.2012

«Como vê hoje a política cultural?
Tivémos um ministro da cultura, o Manuel Maria Carrilho, que desenvolveu realmente um programa cultural. Foi o melhor ministro que tivémos. Tem havido uma indefinição constante da política cultural, cada ministro que chega altera as coisas, muitas vezes sem sentido. E a que tem havido, é no sentido contrário ao dos criadores. Tem sido para estigmatizar o teatro público. Excepto no tempo do Manuel Maria Carrilho. Não sou pessoa para fazer elogios à toa. Os teatros tão elogiados que existem hoje no País não teriam sido possíveis sem o Manuel Maria Carrilho».

Joaquim Benite, entrevista ao Sol, 08.08.2012

«Um festival com 28 anos num País como o nosso é um fenómeno de resistência. É o maior festival de teatro português. Desenvolveu-se muito nos anos em que Manuel Maria Carrilho foi ministro da Cultura. ( ... ) É uma pessoa de outra mentalidade, um homem de cultura, muito patriota. O País está agora cheio de teatros, mas ninguém diz que foi o Carrilho que fez tudo isso. Foi um ministro que não trabalhou só para o seu consulado, deixou uma obra que fez desenvolver o teatro dez anos depois de sair do ministério».

Joaquim Benite, Jornal de Negócios/W, 06.07.2012

«O orçamento para a Cultura representa 0,1% do Orçamento de Estado, um valor que se tem vindo a tornar habitual, com excepção dos "anos dourados, com Carrilho no governo, quando se chegou à barreira do 1%».

André Albuquerque, Público - P3, 11.06.2012

«Manuel Maria Carrilho acha que a comunidade cultural e as Universidades têm de protestar contra o estado de indigência a que diz terem chegado, em Portugal, as políticas culturais do Estado: "olho hoje para o orçamento da Cultura, entre 0,1% e 0,2% do Orçamento Geral do Estado, e tenho um arrepio", disse ontem ao Público, repetindo a mensagem com que encerrou na sexta-feira Iª Conferência Internacional sobre Políticas Públicas para a Cultura, na Universidade de Aveiro, em parceria com a Universidade do Minho».

Luís Miguel Queirós, Público, 17.04.2012

«Manuel Maria Carrilho, um dos poucos socialistas do PS capaz de entender a necessidade absoluta de uma autocrítica séria e construtiva por parte do partido de que é militante, proferiu esta noite na SICNotícias um depoimento verdadeiramente notável e estratégico para o futuro do PS, sobre o qual os seguidores convictos deste partido deviam meditar».

A. Cerveira Pinto, Blog O António Maria, 14.03.2012

«Ver a orquestra crescer em qualidade, estruturar um reportório, desenvolver-se já com padrões internacionais, trazia-me um grande espírito de optimismo, uma vontade de construir e de fazer coisas. Foi aliás por isso que aceitei o convite do então ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, e deixei Itália. Só para ter uma ideia, vir para o Porto, significou mudar completamente a minha vida, deixar a minha cidade e ganhar por mês menos de metade do que ganhava por uma única récita, numa só noite, em Itália».

Jorge Vaz de Carvalho, Jornal de Letras, 07-02-2012

2011

«A década de 90 em Portugal foi frutífera desse ponto de vista [internacional], com as grandes manifestações de revelação do que eram as práticas culturais e a criação artística que estavam a acontecer em Portugal, espectaculares mas necessárias. Europália, Lisboa-94,Expo-98. E houve, é justo dizê-lo, Manuel Maria Carrilho (e Catarina Vaz Pinto), que fez um trabalho muito importante no estimular das relações dos portugueses com as organizações internacionais. (...)
A falta de visibilidade dos políticos que fazem cultura conduz a esta situação de fragilidade de algumas artes?
Sim, em parte, Carrilho tinha esse peso, e teve o melhor orçamento dos 30 anos de democracia. Depois, não tivemos capacidade de criar estruturas, ou não tivemos tempo.»

António Pinto Ribeiro, entrevista ao Público, 16.10.2011

«Nós nunca acertámos com a cultura. Desde o Carrilho que as coisas estão a piorar»

João Mota, Público, 05.12.2011

«Percorrendo os auditórios e os cineteatros deste País, Sérgio Godinho elogiou o ex-ministro da socialista da Cultura, Manuel Maria Carrilho, como o grande impulsionador de uma rede nacional de equipamentos culturais» 

Lusa, 28.07.2011

«Porque os governantes, grande parte dos governantes, - não todos, porque há alguns excepcionais, como um senhor chamado Manuel Maria Carrilho – não perceberam ainda que a cultura é um investimento que gere dividendos cada vez mais importantes»

Albano Silva Pereira, entrevista ao Diário das Beiras, 23.07.2011

«O objectivo de Manuel Maria Carrilho, que foi o melhor ministro da cultura que tivemos, era criar uma rede de teatros. Era um trabalho que estava a fazer e que ficou a meio.»

Ilda Carneiro (Vereadora de Cultura da Câmara de Braga), Correio do Minho, 02.07.2011

«Carrilho foi o único que teve uma política, com coisas criticáveis e outras boas, mas era a política dele»

António Pedro de Vasconcelos, Público, 26.05.2011

«O melhor período que houve para a Cultura foi durante o ministério de Manuel Maria Carrilho, onde houve um esforço que ainda hoje se repercute, de alterar o panorama do teatro português – brilhante, mas desde aí a crise voltou com o progressivo desinvestimento do Estado na Cultura.»

Joaquim Benite, entrevista ao Correio da Manhã, 24.04.2011

«Num acto de dignidade rara no socratismo, Carrilho recusou apoiar um duvidoso egípcio para o cargo de Director-Geral da UNESCO.»

Henrique Raposo, Expresso online, 11.03.2011

pdf

«Recuperando os estudos europeus sobre a retórica e vinculando o racionalismo a uma expressa opção pelo pragmatismo, a obra de Manuel Maria Carrilho abriu nos últimos 20 anos do século XX uma nova vertente no horizonte do pensamento português. Pela leitura dos livros de Manuel Maria Carrilho, é difícil separar pragmatismo de perspectivismo, cruzando-se ambos com a nova retórica da argumentação. Pensador nitidamente influenciado pelo neo-pragmatismo americano, combina com mestria os princípios anti-essencialistas desta corrente filosófica com o contributo da revivescência europeia pela retórica a partir dos estudos de C. Perelman e M.Meyer, aplicando ambas com nítido brilho – o que singulariza positivamente a sua posição na cena política portuguesa de finais do século passado – em textos circunstanciais como, por exemplo, Hipóteses de Cultura (1999) e Estado da Nação (2001). A estes dois contributos para a sua filosofia (o neo-pragmatismo e a retórica), acresce a consciencialização por parte de Manuel Maria Carrilho do pensamento problemático sobre o fim da modernidade trazido por J.Habermas nos anos 80, principalmente a partir da difusão europeia da Teoria da Acção Comunicacional e de O Discurso Filosófico da Modernidade. No capítulo “perspectivismo” que escreveu para o Dicionário do Pensamento Contemporâneo, por si próprio dirigido, Manuel Maria Carrilho une pragmatismo e perspectivismo numa frase que, de certo modo, pode ser estatuída como síntese do seu pensamento – deve hoje «retomar-se pragmaticamente o perspectivismo»; e, mais à frente, através do conceito de “problema”, tema desde sempre central nas suas reflexões, vincula a abertura hermenêutica da filosofia anti-essencialista e anti-fundamentacionalista (isto é, anti-metafísica clássica) dos anos 80, enquanto ruptura com a concepção clássica de “cientificidade” lógica da filosofia de Kant e Husserl,a um horizonte de “jogos de racionalidade” – exactamente o título da tradução portuguesa do seu livro Rhétoriques de la modernité, de 1992 – que identifica a filosofia, tal como Manuel Maria Carrilho a vê, a «um complexo dispositivo retórico [um problema] indissociável do uso da linguagem natural e circunscrito tanto pelo lastro da tradição [ a genealogia do problema] como pela dinâmica da comunidade, isto é, pela historicidade e pelo contexto. Porém, a opção do autor pelo perspectivismo pragmático ou neo-pragmatismo no campo do conhecimento e da acção não constitui ponto de partida do seu pensamento, mas, bem pelo contrário, ponto de chegada. Deste modo, a sua obra até ao ano 2000 pode dividir-se em duas fases: uma primeira, perdurável entre os anos de 1977 e 1986; e uma segunda fase, que se prolonga a partir de 1987, incluindo textos que explicitam o “pragmatismo” das suas opções como ministro de Cultura do Governo do Partido Socialista entre 1995 e 2000.»

Miguel Real, O Pensamento Português Contemporâneo, IN-CM, Março de 2011, pp. 745-6
(Sobre o pensamento de M.M.C., pp. 745-756)

2010

«Li o prefácio do livro de Manuel Maria Carrilho, “E AGORA? Por uma Nova República”. Para princípio de novo programa do PS e de reforma do regime, não está nada mal. Depois do suicídio político de Francisco Assis, e da impossibilidade óbvia de Tó Zé Seguro substituir o Pinto de Sousa, eu, se fosse o Jorge Coelho, reorientava a minha armada de influências para o Manual Maria Carrilho. Foi ministro, é catedrático muito antes de se tornar político com responsabilidades, tem pensamento próprio e sobretudo é honesto, austero e gosta do seu país. O despedimento sem justa causa do embaixador português da UNESCO, por um Sócrates inculto, aldrabão, e bonifrates enraivecido, depois da publicação do manifesto político de Manuel Maria Carrilho, é um excelente argumento a favor do ex-ministro da cultura, e convida a lê-lo. Algumas das suas ideias — um só mandato presidencial, voto obrigatório, subordinação dos limites do endividamento público a imperativos constitucionais, ligação dos deputados a quem os elege, austeridade, competência, imaginação e probidade na função pública, de que a acção político-partidária deveria ser a mais exigente e nobre, uma mudança drástica nas filosofias e metodologias educativas, a correcção imediata do descalabro da Justiça, ou a consideração da cultura (do conhecimento e das artes), da boa administração do território, e do papel crucial do poder local, como opções estratégicas de fundo e urgentes — subscrevo-as por baixo imediatamente. Faltará apenas, pelo que li do prefácio, uma nova percepção teórica das causas geoestratégicas do nosso declínio. Sem isto, não saberemos reinventar completamente a economia portuguesa, nem mudar de vida. O declínio e as bancarrotas duram desde a perda do Brasil, e o estado em que estamos agora é já claramente comatoso. Portugal transformou-se, sobretudo na última década, numa cleptocracia sem rei nem roque. Foi por isso que a Alemanha decidiu parar com as mesadas inúteis. O buraco que aí vem pode, por mais negro que seja, e vai ser muito negro, por incrível que seja, e é muito incrível, levar-nos à salvação. Estejamos, pois, muito atentos e activos.»

A.Cerveira Pinto, O António Maria, 13.10.2010

«Foi notícia a substituição de Manuel Maria Carrilho na UNESCO, curiosamente depois de uma entrevista ao Expresso que não deve ter agradado ao primeiro-ministro. Como viu este caso?
Para dizer a verdade, não fiquei satisfeito. Por uma razão: é indiscutível que o Manuel Maria Carrilho não é um embaixador de carreira, é um embaixador político que foi nomeado, e bem para a função, e fez uma função importante. Houve um incidente nisto que foi um delito de opinião. (...) Acho que o Carrilho é uma pessoa muito inteligente, tem excelentes relações com a Directora-geral que foi eleita e tem estado a fazer um bom lugar na UNESCO.»

Mário Soares, entrevista ao Diário de Notícias, 26.09.2010

«Há um ano, Manuel Maria Carrilho recusou-se a apoiar a eleição de Farouk Hosni para Director-Geral da Unesco. O egípcio tinha um historial de anti-semitismo, chegando a disponibilizar-se para “queimar todos os livros israelitas que encontrasse numa biblioteca” (...) Na altura Carrilho teve coragem e o ministério dos Negócios Estrangeiros nunca explicou que razões de Estado explicavam o inusitado apoio. Mas os diplomatas não têm estados de espírito ou, se os querem ter, devem agir em conformidade. Carrilho revelou estatura ética, enquanto os Negócios Estrangeiros, ao tolerarem ultrapassar uma fronteira civilizacional, expuseram a sua pequenez.»

Pedro Adão e Silva, Expresso, 25.09.2010

«Dizem uns que o ex-ministro da cultura foi demitido da Unesco devido à publicação do seu livro, E Agora? Por uma Nova República, e na sequência de uma entrevista ao Expresso. Dizem outros que tal razão é um perfeito disparate, um truque publicitário, e que o motivo real - e inteiramente justificado - reside nos seus “estados de alma”.Concedo que a segunda hipótese me parece mais plausível. Contudo, apesar de mais plausível, nem por isso menos ínvia. Porque é, no meu ponto de vista insuspeito porque nem sequer sou fã do dito, um estado de alma de se lhe tirar o chapéu! E metam a “real politik” num sítio que eu cá sei».

Ana Cristina Leonardo, Meditação na Pastelaria, 22.09.2010

«A demissão de Manuel Maria Carrilho de Embaixador de Portugal na UNESCO, onde parece ter feito um lugar muito empenhado – como é seu timbre, é-lhe devido esse reconhecimento – na candidatura do fado a património da humanidade, há-de ficar como mais uma dessas histórias em que a pesporrência dispara a sua fúria com o silenciador da propaganda e da hipocrisia».

Vasco M. Rosa, Corta-Fitas, 21.09.2010

«Como o cônsul em Bordéus caído em desgraça por ter salvo milhares de judeus das câmaras de gás nazis em desobediência às instruções de Salazar, Manuel Maria Carrilho, embaixador na UNESCO, caiu em desgraça quando, no ano passado, não votou (acordou com o ministro que o fizesse o número dois da missão) no censor egípcio Farouk Hosni para o cargo de Director-Geral da organização. Agora deu uma entrevista ao Expresso, onde fica à vista que (ó horror!) tem pensamento próprio, distinto da vulgata propagandística do PS. Ontem soube pela Lusa que foi demitido»

Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 21.09.2010

«Manuel Maria Carrilho aceitou ser embaixador na UNESCO e saiu da Assembleia da República para o efeito. Dois anos depois é substituído. Como entretanto houve eleições para a Assembleia da República, Carrilho perdeu também o seu lugar de deputado. Carrilho é uma personalidade política competente, estudiosa, com ideias próprias e com a coragem necessária para as defender. Mais um em processo de centrifugação. Depois queixem-se da qualidade dos políticos...»

José Medeiros Ferreira, Córtex Frontal, 20.09.2010

«Fui muito crítico de Manuel Maria Carrilho quando foi ministro da Cultura e, por regra, não concordo com as suas propostas e ideias políticas. Mas estive por uma vez totalmente de acordo com um seu gesto: o de se recusar a votar, na UNESCO, onde é embaixador, num sinistro egípcio para director-geral daquela organização. Por isso, ou por ter agora editado um livro e dado uma entrevista ao Expresso, foi demitido. Sem aviso prévio, soube da notícia pela Lusa. E os vermes do costume a baterem palmas. Que mal vai Portugal quando são esses vermes que estão na mó de cima e Carrilho, por muito que eu discorde dele, na mó de baixo»

José Manuel Fernandes, Blasfémias, 20.09.2010

«Acho que Manuel Maria Carrilho foi quem deixou melhor obra na área. Foi ele que criou a rede de auditórios na País que hoje permite a qualquer banda fazer digressões com 40 ou 50 datas em diferentes sítios com qualidade e dignidade. No meu ponto de vista, foi a coisa mais notável que já foi feita culturalmente em Portugal.»

Legendary Tiger Man, Única/Expresso, 26.06.2010

«Há uns meses, Manuel Maria Carrilho recusou-se a seguir instruções. O ministério dos Negócios Estrangeiros queria que ele votasse no egípcio Farouk Hosni – um militante anti-semita e pirómano de livros – para Director-Geral da Unesco. Como as indicações de Amado lhe eram abomináveis, Carrilho ausentou-se da votação e fez-se substituir nesse dia. E como de quando em vez há justiça neste mundo, o governo socrático levou banhada e Farouk Hosni foi chumbado na mesma. Corre, entretanto, a notícia que Carrilho terá os dias contados na Unesco e que pensam afastá-lo. Face a essa possibilidade, tem vindo a assistir-se a uma curiosa inversão de valores. Muitos dos que na altura haviam apoiado a atitude do embaixador vêm agora dizer que o governo tem toda a legitimidade para demiti-lo porque, basicamente e postas de lado as nuances argumentativas, “em diplomacia não há estados de alma”.A frase é de efeito e cumpre-o. Possui aquela gravitas das máximas catedráticas com montes de “pedigree”. Se Carrilho não concordava, devia ter-se demitido; o governo tem de ter funcionários de confiança (que não questionem ordens?); a comparação com Aristides Sousa Mendes é um disparate porque compara o incomparável. E etc. Talvez fosse bom lembrar que as “razões de consciência” invocadas então pelo ex-ministro da Cultura foram aceites pela tutela; este fez-se substituir e Portugal votou conforme (vergonhosamente) decidira. Talvez fosse bom lembrar também que os funcionários do Estado (incluindo os diplomatas) não são meras correias de transmissão do poder. Que o quem não está por nós está contra nós arrasta uma história miserável. E, já agora, que Carrilho insistiu na altura explicando as suas razões e que se o tivessem ouvido o enxovalho português teria sido evitado. Finalmente, talvez fosse bom lembrar que Aristides Sousa Mendes fez exactamente o mesmo, discordou activamente — com a diferença (que não muda o essencial do gesto) de tê-lo feito numa situação histórica mais grave e durante um governo salazarista e não socrático; e que há hoje milhares de pessoas que devem o facto de existir a esse “estado de alma”. Ah, e já agora, que também não se demitiu — foi demitido. A reacção à notícia do eventual afastamento de Carrilho parece-me tão-só mais um exemplo do formalismo estéril que vem dominando a política cá do burgo, a transbordar de “parvenus” da democracia apetrechados de uma lógica sofística, maquiavélicos de pacotilha civilizados na forma, gente que faz da política uma dança de salão. A verdade é que, se isto fosse um país (a) sério, em vez de andarmos a discutir as pressões telefónicas de Sócrates aos directores dos jornais, o primeiro-ministro teria ido ao Parlamento responder pela indicação de Farouk Hosny. Em Portugal, porém e infelizmente, à lagarta da Alice só servem drogas maradas.»

Ana Cristina Leonardo, Meditação na Pastelaria, 26.03.2010

«Manuel Maria Carrilho é indiscutivelmente uma das pessoas do regime que pensa (atrevidamente), não cumpre a cartilha esfarrapada e delida das sacrossantas banalidades, possui mundo e não se satisfaz com o ritualismo dos mantra do politicamente correcto.»

Miguel Castelo Branco, Combustões, 21.01.2010

2009

«Desde que está em Serralves, já lidou com muitos ministros da cultura. Há algum com quem tenha sido mais fácil trabalhar?
— É impossível não destacar o trabalho desenvolvido no início da história deste museu com Manuel Maria Carrilho. Trata-se de alguém que procurou compreender o que pretendíamos fazer. Foi um apoio decisivo nessa fase.»

João Fernandes, entrevista ao Diário de Notícias, 10.11.2009

«Vejo agora que, tal como Aristides de Sousa Mendes outrora, a consciência de Carrilho o impede de assinar de cruz tudo o que lhe põem à frente. Gostaria de ter encontrado algures na imprensa portuguesa analistas e fazedores de opinião rejubilar-se por haver na nossa embaixada na UNESCO um Homem, e não um rato»

Luís Dória, Expresso (Carta dos Leitores), 16.10.2009

«Em relação ao futuro governo, ainda não se sabe o que virá aí, mas na Cultura espero que nos apareça outro Carrilho pela frente.»

Jorge Salavisa, Visão, 01.10.2009

«Realizaram-se eleições para a direcção da UNESCO. Os candidatos eram uma diplomata búlgara que não conheço e o popular ministro egípcio Farouk Hosni. O sr. Hosni, que tutela a cultura do seu país há vinte e tal anos, teria assim oportunidade de passar a tutelar a cultura, a ciência e a educação na ONU, missão natural para um indivíduo que trafica tesouros arqueológicos e jurou queimar pessoalmente todos as obras em hebraico que encontrasse na biblioteca de Alexandria. Sucede que, mesmo para os padrões algo permissivos das Nações Unidas, o sr. Hosni exagera um bocadinho. Em consequência, afugentou os países civilizados em favor da senhora búlgara. Mantendo aberto o debate sobre o nosso grau de civilização, Portugal (e a Itália) juntou-se a um vasto rol de ditaduras e apoiou o Goebbels do Nilo. Quem diz Portugal diz o Ministério dos Negócios Estrangeiros, cuja predilecção por gente assaz desagradável começa a tornar-se recorrente. A título extraordinário, o voto “português” foi depositado na urna por um funcionário anónimo: o embaixador caseiro na UNESCO não apreciou a exaltação de um selvagem e recusou participar naquele embaraço colectivo. Agora alguns discutem se, por nojo, o embaixador deve pedir a demissão, ou se, por desobediência, o Estado o deve demitir. Nisso não me meto. Limito-me a lembrar que o homem em causa é Manuel Maria Carrilho, e que o respectivo gesto mostrou uma decência a que não estamos habituados e se calhar não merecemos.»

Alberto Gonçalves, Diário de Notícias, 27.09.2009

«O embaixador português junto da UNESCO teve um acto de grande dignidade e recusou-se a votar no energúmeno.»

Pedro Mexia, Público, 26.09.2009

«A UNESCO é pouca coisa, comparada a outras questões com que muitos países se confrontam. (...) Mas a história de Farouk Hosni e da UNESCO foi incomodamente significativa porque revelou a falta de bússola moral de governos que tinham a obrigação de não a haver perdido.»

José Cutileiro, Expresso, 25.09.2009

«Fico contente por ter um embaixador que tem posições pesoais, que as expressa, e que tem reservas de consciência relativamente a matérias em que não está em causa apenas o jogo estratégico entre países.»

Inês Serra Lopes, I, 23.09.2009

«Irina Bokova é a nova Directora-geral da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) e a primeira mulher a assumir o cargo. A diplomata búlgara derrotou o ministro da Cultura do Egipto, Farouk Hosni, indicou a porta-voz da agência da ONU sediada em Paris, citada pela agência Lusa. O candidato recolhia o apoio do Estado português contra a opinião do embaixador português na UNESCO, Manuel Maria Carrilho, que se recusou a votar e delegou a missão num funcionário da embaixada.»

L. Santos e M. J. Caetano, Diário de Notícias,23.09.2010

«A diplomata e ex-ministra dos Negócio Estrangeiros Irina Bokova irá ser a próxima Directora-Geral da UNESCO, após ter batido por quatro votos o candidato egípcio Farouk Hosni. (....) O embaixador português na Unesco, Manuel Maria Carrilho, que invocou razões de consciência para não votar no polémico candidato egípcio – Portugal fez-se representar por um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros nas duas últimas rondas da edição – congratulou-se ontem com o sucesso de Irina Bukova: “é inegavelmente uma vitória dos valores da UNESCO, disse o ex-ministro da Cultura. É uma vitória de quem acredita nos direitos humanos, no incentivo à cultura e à educação e nas batalhas pela paz, que são os grandes valores da UNESCO”»

Luís Miguel Queirós, Público, 23.09.2009

«Fez bem Carrilho em recusar-se a votar para Director-Geral da UNESCO num ex-ministro da Cultura de uma ditadura»

Daniel Oliveira, Arrastão, 23.09.2009

«O governo que pretende fazer “avançar” Portugal” exigiu que o nosso embaixador na UNESCO votasse num primata egípcio para director-geral da dita organização. O nosso embaixador recusou o gesto e o governo mandou que avançasse o “número dois” para poder votar como a dupla Sócrates-Amado desejava. Acabou, felizmente, por ganhar uma pessoa civilizada. Os três portugueses envolvidos são todos do PS. Com uma diferença fundamental. Manuel Maria Carrilho demonstrou que ainda há formas de vida inteligente e livre dentro daquilo em que se transformou o PS (o país?) às mãos destes perigosos desalmados sem mundo. E é justamente de políticos como Carrilho que o PS precisará quando forem devolvidos à irrelevância da qual nunca deviam ter saído. Não é de Soares nem de Alegre, essas pobres relíquias agora transformadas em dois patéticos idiotas úteis como se não bastassem os de serviço. Gestos como os do MNE e de Sócrates também estão em escrutínio do próximo domingo. Gestos que, no mínimo, nos envergonham.»

João Gonçalves, Portugal dos Pequeninos, 23.09.2009

«Em tempos de eleições, com toda a corja, nos seus dispersos géneros e espécies, por aí à solta, há notícias que subitamente reconfortam, a de que há alguém que pensa, já nem digo pela própria cabeça, mas que simplesmente pensa e, sobretudo, que age de acordo com valores que outros se limitam a proclamar. Manuel Maria Carrilho, embaixador na UNESCO, contrariando orientações do ministro Luís Amado (o tal que há dias prestou também vassalagem a essa figura ímpar da democracia e da liberdade que é Khadafi), recusou votar em Farouk Hosni, candidato egípcio a secretário-geral da organização. Ministro da Cultura do Egipto há 22 anos, Hosni tem uma sinistra fama de censor de livros, filmes e órgãos de informação no seu país, e ainda recentemente afirmou que queimaria pessoalmente todos os livros de cultura hebraica que encontrasse na Biblioteca de Alexandria. Os governos de Sócrates e de Berlusconi terão sido os únicos da UE que, postos de cócoras, se conformaram ao desejo dos países islâmicos de colocar um Califa Omar, se possível ainda mais sinistro, à frente da UNESCO. Estão bem uns para os outros.»

Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 23.09.2009

«Manuel Maria Carrilho fez muito bem em recusar apoiar Farouk Hosni.Ou seja, fez muito bem em recusar seguir as indicações do governo. Porque Hosni é um conhecido anti-semita. É uma vergonha para a ONU ter um homem como Hosni à frente da UNESCO.É uma vergonha para Portugal ter um governo que apoia a nomeação de Hosni. E é um grande orgulho para Portugal ter alguém como Carrilho a criticar, nem que seja de forma passiva, a nomeação de Hosni.»

Henrique Raposo, Expresso.pt, 22.09.2009

«Contra o que defendia o embaixador português na UNESCO, Manuel Maria Carrilho, o Estado português votou ontem a favor do ministro da Cultura egípcio, Farouk Hosni, para o cargo de director-geral da Organização para a Educação, Ciência e Cultura da ONU. A votação terminou com um empate entre o candidato do mundo árabe e a candidata búlgara I. Bokova. Segundo apurou o DN, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (tutela a que responde Carrilho) terá decidido alterar o sentido do seu voto a favor de Farouk Hosni, anteontem, retirando o apoio à candidata búlgara, que representa o eixo europeu na votação, aumentando o número de votos a favor de Hosni. O voto foi depositado na urna por um funcionário diplomático da missão de Portugal na UNESCO, pois ia contra as convicções de Manuel Maria Carrilho. Contactado pelo DN, o diplomata não quis fazer declarações.»

L.Santos, Diário de Notícias, 22.09.2009

«Em declarações à Lusa, Manuel Alegre manifestou a sua solidariedade com o embaixador português na UNESCO, Manuel Maria Carrilho, que recusou as instruções no sentido de votar no egípcio: “considero que Portugal não pode votar num ministro da cultura egípcio que ameaçou queimar todos os livros de Israel que encontrasse na Biblioteca de Alexandria. Manuel Maria Carrilho tem razão, e peço ao primeiro-ministro José Sócrates que faça os possíveis para que o Ministério dos Negócios Estrangeiros altere a sua posição”»

Lusa, 21.09.2009

«O PS é um partido que tem feito muito pela cultura. O Durão Barroso não fez muito pela cultura, embora seja um homem da cultura. (...) Se não fosse o Manuel Maria Carrilho, que também era socialista e que atraiu muitas pessoas pela cultura, eu incluído, não sei o que teria acontecido.»

J. Berardo, Diário de Notícias, 30.08.2009

«Carrilho foi o melhor ou o único ministro da Cultura de que Portugal dispôs.»

Mário Barradas, Jornal de Letras, 29.07.2009

«Sócrates reconheceu ter errado ao não apostar mais na Cultura. (...) A parte do mea culpa é fraca. Cultura?! Na verdade, o governo do PS liderado por Sócrates fica a anos-luz do governo do PS liderado por António Guterres. Não chegou a ser uma sombra pálida do que foi esse executivo, que teve um bom ministro, Manuel Maria Carrilho, e um bom projecto.»

Eduardo Dâmaso, Correio da Manhã, 19.06.2009

«Desde Julho de 2000 – ou seja, desde que Manuel Maria Carrilho se demitiu do governo de Guterres – não existe nem ministro nem ministério da cultura»

João Gonçalves, Portugal dos Pequeninos, 11,05.2009

«Desde que Manuel Maria Carrilho abandonou o segundo governo de António Guterres, em Julho de 2000, alegando que deixara de dispor dos meios financeiros necessários para levar por diante as políticas que lançara, o lugar de ministro da cultura parece amaldiçoado.»

Luís Miguel Queirós, Público, 11.05.2009

«Manuel Maria Carrilho foi o único ministro da Cultura que tivémos, e eu trabalhei com três a seguir a ele.»

Raquel Henriques da Silva, Público, 11.05.2009

«Carrilho tinha um conceito audacioso de Cultura e uma visão profissional do papel do Estado.»

Luís Raposo, Público, 11.05.2009

«Na semana em que Jorge Silva Melo chamou ao Dia do Teatro “um dia mundial da hipocrisia! e em que João Marcelino escreveu que “as políticas culturais não existem, o ministro é um erro de casting e o orçamento que gere está ao nível de um director-geral”, deve louvar-se a proposta de Manuel Maria Carrilho enviou à Fundação Res Publica, propondo “uma refundação das políticas culturais”»

José Afonso Furtado, Visão, 02.05.2009

«Fosse por disciplina partidária ou, vamos supor com toda a lógica, porque preferia aguardar pelas suas anunciadas funções de embaixador na UNESCO, o ex-ministro Manuel Maria Carrilho produziu um documento que é um diagnóstico arrasador e que, dirigido à nova fundação socialista, Res Publica, foi dado a conhecer no “Diário de Notícias” de 25 de Março. “Uma legislatura perdida?” pergunta-se mesmo ele, constatando o malogro (total) do Compromisso para a Cultura do programa do governo socialista: “O que se verifica ao fim destes quatro anos é que não só não se consegui inverter a situação de “asfixia financeira’ de 2003/05 [apontada como uma das finalidades essenciais no referido compromisso], como ela se agravou pesadamente. O Orçamento de Estado desceu para o nível mais baixo das últimas décadas: 0,3%. Também as outras duas ‘finalidades essenciais’ [1) retomar o impulso para o desenvolvimento do tecido cultura português e, 2) conseguir um equilíbrio dinâmico entre a defesa e valorização do património cultural, o apoio à criação artística, a estruturação do território com equipamentos e redes culturais, a aposta na educação artística e na formação dos públicos e a promoção internacional da cultura portuguesa] assumidas no programa eleitoral e de Governo ficaram pelo caminho: nem se conseguiu dar qualquer ‘impulso’ no desenvolvimento do tecido cultural português, nem se definiram políticas que viabilizassem o ‘equilíbrio dinâmico’ entre os sectores do património e da criação, ou que incrementassem efectivamente a formação de públicos ou a internacionalização da cultura portuguesa. (…) A política cultural tornou-se assim cada vez mais invisível, ilegível e incompreensível, ameaçando fazer dos anos 2005/09 uma legislatura perdida para a cultura” – não se podia ser mais eloquente.»

Augusto M. Seabra, ArteCapital, 17.04.2009

«Um conjunto de personalidades da área da cultura quer promover um amplo debate público sobre o estado da cultura em Portugal. “Era bom que este tema fosse debatido antes das eleições”, explicou Jorge Pereirinha Pires, um dos signatários de um texto com oito pontos, enviado à imprensa. No documento, intitulado “Uma agenda para a Cultura”, o grupo promete apresentar um novo manifesto até ao fim do mês. “Queremos reunir mais pessoas para assinarem o manifesto, que será enviado aos partidos políticos e colocado na Internet”, garante o escritor. Este documento surge na sequência da publicação de um texto de análise que o ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho, enviou à Fundação Res Pública (do Partido Socialista) e no qual tecia várias críticas à política cultural do Governo. O documento, intitulado A cultura contra a crise, foi depois publicado na edição do DN de 25 de Março, levantando um amplo debate. De acordo com Pedro Abrunhosa, um dos signatários, a análise crítica de Carrilho “foi apenas uma das coisas que espoletou a publicação” do texto, que será depois transformado num manifesto. “Tal como o caso do Museu dos Coches, por exemplo, ou a má atribuição dos fundos da cultura pelo país, a invisibilidade do ministro da cultura... Tudo isso são questões que chamam a atenção das pessoas”, refere. “É a agenda para a cultura de uma plataforma suprapartidária que coloca em primeiro lugar a defesa de um dos patrimónios mais valiosos do país”.Além de Pedro Abrunhosa e Jorge Pereirinha Pires, a lista de signatários inclui também os editores Carlos da Veiga Ferreira e João Rodrigues, as escritoras Inês Pedrosa e Teolinda Gersão, os cineastas João Botelho e João Mário Grilo, os encenadores Joaquim Benite e Ricardo Pais, o arqueólogo Luís Raposo, os coreógrafos Paulo Ribeiro e Né Barros, o programador Rui Pereira, o arquitecto Walter Rossa ou a historiadora Raquel Henriques da Silva. Tal como os restantes signatários, esta última, ex-directora do Instituto Português dos Museus, acredita que “a cultura é uma área estratégica no combate contra a crise”.Entre as questões levantadas pela plataforma encontra-se o facto da meta de 1% do Orçamento Geral do Estado para a Cultura, estipulada no programa de Governo, nunca ter sido atingida. Encontra-se isso sim, no valor mais baixo das últimas décadas: 0,3%.»

Diário de Notícias, 05.04.2009

«A partir do Carrilho, tudo descarrilou.»

Paulo Branco, Correio da Manhã, 29.03.2009

«Debate de ideias e de políticas, é coisa que rareia na sociedade portuguesa. Saúdo por isso a iniciativa de Manuel Maria Carrilho na “sua” cultura. Pena é que não surjam outros exemplos, noutros sectores, com a mesma independência de espírito»

João Marcelino, Diário de Notícias, 28.03.2009

«Não sou dos que embandeiram em arco com a gestão de Manuel Maria Carrilho no Ministério da Cultura. Acho que fala bem, escreve melhor, lê muito, pensa razoável, mas o balanço concreto do seu mandato, promessas e fogo de artifício à parte, é de facto escasso em obra. Mas também reconheço que o texto que colocou a debate no PS sobre política cultural (...) é uma análise lúcida da realidade e do triste estado a que o seu partido deixou chegar as coisas. Infelizmente bem sei que em matéria cultural o PSD é praticamente inexistente, o que somado à forma como o PS de Sócrates tem gerido a área, deixa as maiores reservas para o futuro. Quanto mais não seja, o texto de carrilho é bom precisamente para que fora do PS se reflicta sobre o que se deve fazer nesta área»

Manuel Falcão, Jornal de Negócios, 24.03.2009

«Manuel Maria Carrilho, antigo ministro da Cultura do PS de António Guterres e actual embaixador português da UNESCO, considera que, face ao contexto de crise económica em que o país vive, o Governo PS não tem investido na área cultural, o que considera ser “uma cegueira tragicamente irresponsável”.Segundo Carrilho, relata hoje o semanário “Expresso”, “a cultura pode dar uma importante contribuição na resposta à crise que o país atravessa”, e a difícil conjuntura económica pela qual Portugal passa “de modo algum justifica, seja o estado de abandono a que a cultura tem sido votada, seja o desinvestimento de que tem sido objecto e que pode provocar danos irreversíveis”.Carrilho lamenta o facto de a política cultural se ter tornado “cada vez mais invisível, ilegível e incompreensível, ameaçando fazer dos anos 2005/2009 uma legislatura perdida para a cultura”. O embaixador português da UNESCO defende que é preciso valorizar o contributo da cultura e da criação “no PIB, no emprego, na coesão e na competitividade”, e que “não reconhecer isso é, hoje, de uma cegueira tragicamente irresponsável”. Carrilho propõe que o PS garanta a efectiva progressão do orçamento para a Cultura até um por cento do Orçamento do Estado e que “reformule a administração dos sectores fundamentais”.Referindo que “é urgente mudar”, Carrilho aconselha o PS a “assumir com verdade o balanço do período que agora termina e prometer mais e melhor” para o futuro. Ao tecer estas considerações sobre a política cultural do Governo, num documento enviado a António Vitorino, que preside à Fundação Res Pública, e que foram noticiadas no “Expresso”, Manuel Maria Carrilho quebra o silêncio de quase uma década sobre a área que tutelou entre 1995 e 2000.»

Público, 21.03.2009

«Carrilho arrasa política de Cultura de Sócrates - O antigo ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, quebrou o silêncio de quase uma década sobre a área que tutelou entre 1995 e 2000 e tece duras críticas à política cultural do actual Executivo. Num documento enviado a António Vitorino, que preside à Fundação Res Publica, a que o Expresso teve acesso, o actual embaixador português na UNESCO lamenta que a política cultural se tenha tornado “cada vez mais invisível, ilegível e incompreensível, ameaçando fazer dos anos 2005/2009 uma legislatura perdida para a cultura” e sugere que “a Fundação Res Publica (ou o fórum Novas Fronteiras), retomando o espírito dos Estados Gerais - isto é, um espírito de real abertura e de efectivo debate -, abra uma ampla discussão sobre a situação e o futuro das políticas culturais em Portugal, com a intenção de as refundar”. “A cultura pode dar uma importante contribuiçãona resposta à crise que o país atravessa”, sustenta Manuel Maria Carrilho, sublinhando que a cultura é “parte do património do PS” que importa “manter, renovar, valorizar”. A crise indesmentível que atravessamos “de modo algum justifica” - no seu diagnóstico sem paliativos - “seja o estado de abandono a que a cultura tem sido votada, seja o desinvestimento de que tem sido objecto e que pode provocar - e enfatizo este ponto, uma vez que se trata de uma ameaça real - danos irreversíveis”. Citando o antigo ministro das Finanças de Sócrates, Luís Campos e Cunha, e vários estudos da União Europeia, Carrilho defende a valorização do contributo da cultura e da criação “no PIB, no emprego, na coesão, na competitividade. Não reconhecer isto é, hoje, de uma cegueira tragicamente irresponsável”. E propõe: que o PS garanta a efectiva progressão do orçamento para a Cultura até ao 1% do Orçamento do Estado que já prometia António Guterres em 1995; e que “reformule a administração dos sectores fundamentais”. “É urgente mudar”, conclui, aconselhando o PS a “assumir com verdade o balanço do período que agora termina e prometer mais e melhor” para o futuro. O regresso de Carrilho à cultura, ainda que apenas através de um texto para discussão interna no PS, foi saudado por vários protagonistas culturais contactados pelo Expresso. “Recolocar a cultura no mapa político é romper o silêncio. E vozes rebeldes são muito bem-vindas”, diz Pedro Abrunhosa, demolidor na qualificação do estado actual de coisas, não apenas na cultura mas na política nacional em geral: “Isto é um quarto vazio, sem portas, nem janelas, nem brechas”, afirma o músico portuense. Comparável aos tempos de Cavaco? “Pior, porque nessa altura havia oposição. Agora não há”. Ricardo Pais, antigo director do Teatro Nacional S. João, aplaude o facto de alguém com o peso político de Carrilho “pôr o dedo na ferida, chamar a atenção para as responsabilidades tremendas deste Governo no estado da cultura”. Que é, afirma, “lastimoso”, de “um vazio absolutamente impensável”. Recordando António Guterres como “um homem superiormente culto, ainda que pusilânime”, vê em Sócrates “o negativo” de Guterres. O cineasta João Mário Grilo é igualmente crítico da política cultural deste Governo: “O que tem acontecido é uma não-política - o que é um acto performativo politicamente, produz resultados. E os resultados têm sido dramáticos”. Grilo fala de “marasmo absoluto, falta de dinamismo, só compreensível se se quiser liquidar a cultura”. Neste contexto, acrescenta, a reflexão proposta por Carrilho é “imprescindível”. Também a antiga directora-geral dos Museus Raquel Henriques da Silva saúda a iniciativa do ex-ministro. “Um dos maiores problemas da cultura é a falta de vozes políticas”. O actual ministro, José António Pinto Ribeiro, merece-lhe todas as reservas: “Revelou-se fraquíssimo”. A professora regista ainda a “desorçamentação brutal” da cultura para concluir que estamos a ir em sentido contrário ao do resto da Europa. “A cultura é geradora de dinâmicas sociais positivas”, conclui, numa posição de resto comum a todos os agentes culturais ouvidos pelo Expresso. Paulo Ribeiro, director artístico da companhia de bailado com o seu nome (que actua no Teatro Viriato, em Viseu), fala da cultura como forma de combate à crise de modo entusiástico: “A forma como a cultura pode dinamizar um país tem um retorno absoluto, por completo, nunca se perde dinheiro”. E acrescenta: “O momento é perfeito para que isto seja pensado e debatido e sejam tomados compromissos”.»

Cristina Figueiredo, Expresso, 21.03.2009

2008

pdf

«Carrilho analyse le travail rhétorique du discours philosophique sans se laisser enfermer dans l’alternative: ou “différends » irréductibles et programmes de vérité incommensurables, ou arbitrage allégué d’une Raison transcendantal. Le « tournant rhétorique », inséparable d’une pensée de la contingence, du pluriel et de la problematicité, est présent par le penseur portugais comme la solution à la crise moderne de la raison.(…) La philosophie contemporaine, dans ses polémiques irréconciliables mêmes, a un caractère commun, c’est une philosophie du discours. Ceci, de Rorty, Lyotard et Derida, à Apel, Habermas, Carrilho et Meyer.»

Marc Angenot, Dialogues de Sourds, Mille et Une Nuits, 2008, pp.125-126

«Manuel Maria Carrilho lembrava a semana passada (DN, 27/11/08) que “uma política da língua só pode ser uma política dos materiais em que ela se concretiza”. Mas claro que as palavras desta filósofo não interessam nada, sobretudo porque ele já provou, enquanto ministro da Cultura, que não há nada mais prático do que uma boa teoria. Fez demasiado, exigiu demasiado, conseguiu demasiada visibilidade exterior para o cinema e a literatura portugueses – por isso acabou por ser enviado para Paris.»

Inês Pedrosa, Expresso, 29/11/2008

«Desde o fim da era Carrilho, a “estratégia” do país para o sector [da cultura] tem sido um vazio de piruetas mortais e sprints em ziguezague, para não falar de momentos de verdadeira queda-livre, kamikaze.»

Vanessa Rato, Obscena nº 13/14, p.15

«Tendo conhecimento da remodelação ministerial que (…), propomos que se volte a repensar a política cultural nos termos em que Manuel Maria Carrilho o fez. Ao contrário dos últimos governos, onde se assistiu a uma falta de conhecimento e planificação para esta área por parte de cada ministro da Cultura que tivemos (e foram 5 nos últimos oito anos), é inegável que Carrilho foi o único nesta pasta que teve uma visão alargada do que é criar estruturas e consolidar o tecido profissional e criativo de um país, e que pôs de pé um projecto consistente, com conhecimento da realidade tanto no campo da criação artística como no da gestão e dinamização do património cultural, em todas as suas frentes - técnica, artística, administrativa, de produção, de programação, de equipamentos culturais, de sensibilização de públicos, de interacção de agentes, nomeadamente autarquias, direcções regionais e Estado - e compreendendo a necessidade de articulação de todas essas mesmas frentes. Soube fazê-lo rodeando-se de equipas competentes, de elementos com um verdadeiro conhecimento no terreno e sobretudo munidos de um real noção da contemporaneidade, visando um futuro de criação, difusão e dinamização da cultura portuguesa, dentro e fora do país. (…) Os abaixo-assinados, que desejam um país culturalmente ao nível da Europa em que se diz inserido, lançam assim um repto a este governo, propondo a escolha, por parte do primeiro ministro, de alguém com o mesmo nível de visão e de projecto que Manuel Maria Carrilho teve para a Cultura em Portugal.»

Um projecto consistente para a Cultura em Portugal
Abaixo-assinado on-line que recolheu 2838 assinaturas entre 01.01.2008 e 10.02.2008

«O único que vi tomar decisões a mais longo prazo, foi M.M.Carrilho, que decidiu construir ou renovar teatros pelo país, permitindo aos concelhos terem as suas estruturas para promoverem o consumo de espectáculos. Foi o único.»

José Pedro Gomes, Sexta, 08.02.2008

2007

pdf

«É verdade ainda que M.M.C. é um político “antipático” para a comunicação social. Mas também é verdade que é um político fora do comum, com uma capacidade acima da vulgaridade e uma cultura raríssima na política. È indesmentível que sempre foi um político de coragem. Basta lembrar a sua prestação no congresso de consagração kimilsunguiana de Guterres (...). E essa coragem voltou a manifestar-se agora.»

São José Almeida, Público, 06.10.2007

pdf

«“Il faut agir en homme de pensée et penser en homme d’action”. Cette phrase du philosophe français Henri Bergson, Manuel Maria Carrilho l’a érigée en maxime quand il était ministre de la Culture du Portugal. Comme si elle avait été écrite pour lui, une maxime de composition en quelque sorte.»

S.V., Philosophie Magazine, nº 7 (mars/2007)

2006

«Fica a sensação que não há rumo nem política. E o problema é antigo. Não morrendo de amores pelo estilo e pela substância de Carrilho, temos de reconhecer que foi o único ministro da Cultura que Portugal conheceu. Depois e antes disso, o vazio.»

Daniel Oliveira, Expresso, 14.01.2006

2005

pdf

No ano de 2005, tudo o que aqui se disse “sobre mmc” foi muito marcado pela minha candidatura autárquica de Lisboa. Sobre o que a antecedeu, veja-se «O cerco a Lisboa» . Sobre o resto, remeto para o livro Sob o Signo da Verdade, bem como para a Controvérsia que ele suscitou, e que se encontra aqui no site, em Obras, junto ao livro.


2003

«Nos anos PS conseguiram-se algumas coisas francamente boas no campo social. No caso da Cultura, o ministro Manuel Maria Carrilho colocou a cultura no mapa. Carrilho vai fazer história. Vai-se dizer “isto foi criado por…”»

Pedro Abrunhosa, entrevista ao Expresso, 13.12.2003

«A colecção da Moda e a do Design não são independentes?
-Não, são duas colecções ligadas, sempre o foram. E o ministro Manuel Maria Carrilho entendeu, e muito bem, que o público devia ter igual acesso às duas colecções que, para lá do interesse cultural cobrem áreas que se cruzam directamente com a economia portuguesa. (…) Em Portugal, pergunto, como é que seria possível preparar, educar para o “design” se as pessoas não tivessem sequer acesso a ver? Era esta dupla função, cultural e cívica, que Manuel Maria Carrilho reconhecia às duas colecções em simultâneo. Como calcula, ter de me bater, depois da saída dele, por explicar o óbvio a todos os seus sucessores e por fazer cumprir os acordos entretanto assinados foi muito desgastante.»

Francisco Capelo, entrevista a Linha, Novembro/2003

«Carrilho é uma estrela em ascensão e (…) segue o caminho de marcar terreno de fora para dentro, com reconhecida independência de espírito. Mas muito terá de mudar ainda o PS até Carrilho, homem de qualidade intelectual acima de toda a suspeita, conseguir ser alternativa à liderança»

João Marcelino, Correio da Manhã, 14.09.2003

«Farto do “tricot financeiro permanente”, foi com críticas ao actual Governo e um forte elogio a Manuel Maria Carrilho que João Gonçalves se demitiu, na semana passada, do cargo de vogal do Conselho Directivo do Teatro Nacional de São Carlos. (…) O facto de ser militante do PSD desde 1983 não coíbe João Gonçalves de elogiar o trabalho governamental de Manuel Maria Carrilho, respeitosamente tratado por “ministro”. Tudo o que está a acontecer foi previsto por ele – e demitiu-se. O único momento em que houve saneamento financeiro no São Carlos, foi com o ministro Carrilho; o único ministro da Cultura que Portugal teve foi Carrilho.»

C.A., Expresso, 18.04.2003

pdf

«Manuel Maria Carrilho afasta com alguma sobranceria a ideia de que este livro estaria aqui para tornar claro que ele teve razão mais cedo do que os outros. E afirma com particular justeza: “ Em política, nunca se tem verdadeiramente razão antes do tempo. (…) A avaliação da razão no tempo, tem a ver com a história, não com a política. A política tem a ver com a acção, é um compromisso com o próprio tempo.”»

Eduardo Prado Coelho, Público, 14.06.2003

«Mas refiro um facto: dos dirigentes do PS, o único que tomou publicamente uma posição crítica sobre o meu afastamento, foi Manuel Maria Carrilho.»

Barros Moura, em entrevista ao Público, 12.01.2003

2002

«Tivesse Guterres emendado a mão perante o diagnóstico do ex-ministro da Cultura e talvez não tivesse saído pela porta baixa após o “cartão vermelho” que recebeu dos portugueses em Dezembro de 2001.Os “avisos” de Carrilho foram vários e sempre contundentes.»

Isabel Oliveira, Expresso, 30.11.2002

«O ministro da Cultura que, com todos os seus defeitos, teve alguma visão global, foi Manuel Maria Carrilho. A partir daí, é uma gestão de miséria, com um desprezo cada vez maior por tudo o que tem a ver com qualquer iniciativa cultural.»

Paulo Branco, entrevista ao Diário de Notícias, 30.10.2002

«Nos anos de ouro do guterrismo, quando os “opinion makers” ainda não tinham começado a desancar no governo socialista, a excepção era Manuel Maria Carrilho. Não havia semana que não aparecesse algum editorialista ou colunista influente a inventariar-lhe os defeitos, da alegada vaidade à alegada falta de escrúpulos. (…) Carrilho, ninguém terá dúvidas, gostava de aparecer na televisão. Mas também não ignorava, decerto, que um ministro que os portugueses não conhecem dificilmente estará nas melhores condições para impor no executivo as prioridades do sector que tutela. (…) A ironia é que o mediático Carrilho, parece-me difícil não o reconhecer, puxou este país para cima como nenhum outro ministro da Cultura o fizera antes dele.(…) Carrilho gostava de ser ministro da Cultura, tinha um projecto consistente e, enquanto dispôs de meios, levou-o por diante.»

Luís Miguel Queirós, Público, 09.11.2002

«Entretanto surgiram duas propostas de trabalho: a de Serralves e a do Guggenheim em Bilbau, e acabei por aceitar Serralves porque considerei que era aqui que poderia actuar com maior liberdade, porque estava a começar e porque o Guggenheim dependia da casa-mãe. Muita gente achou que eu estava maluco. Mas depois de ter tido uma reunião com o ministro da Cultura de então, Manuel Maria Carrilho, onde me foram garantidos os meios necessários para desenvolver o trabalho, aceitei.»

Vicente Todolí, entrevista a Diário Económico, 25.10.2002

«Diz que não gosta que lhe lembrem que teve razão antes de tempo, mas percebe-se que não pensa noutra coisa. Foi o primeiro a bater com a porta no governo de António Guterres e a antecipar os males que conduziriam mais tarde à desistência de Guterres e à derrota eleitoral dos socialistas. Hoje, reclama um estatuto que lhe permite exigir uma impiedosa reflexão sobre os erros do passado e uma renovação de métodos, causas e protagonistas. Inteligente e ambicioso, define-se como profesor universitário seduzido pela política. Perfeccionista quase até ao exagero, pondera meticulosamente o alcance e o tempo de todos os seus passos.»

Margarida Marante, Notícias Magazine, 22/09/2002

«E aqui faço a minha homenagem a Manuel Maria Carrilho, que se calhar por razões que tenham a ver com necessidades de afirmação pessoal, foi a pessoa que pôs o dedo na ferida a tempo e horas. E ele tem moral para falar.»

Vicente Jorge Silva, entrevista a Independente, 27.09.2002

«Portugal tem hoje uma cultura cosmopolita e uma oferta cultural, que faz com que Harold Pinter se inquiete com a sorte dos Artistas Unidos de Jorge Silva Melo, corridos do Bairro Alto, e com que Jack Lang ou Luc Ferry sejam amigos pessoais do ex-ministro Manuel Maria Carrilho.»

Clara Ferreira Alves, Expresso/Única, 07.09.2002

«Não sei se o Filmógrafo vai fazer falta. Espero que não…Mas houve uma evolução desde o início dos anos 90 até à saída do ministro Carrilho – depois disso, foi sempre para baixo»

Abi Feijó, entrevista ao Público, 10.08.2002

«A segunda legislatura do PS foi um fracasso total (e em termos culturais ainda mais) Que começou com a desistência de Manuel Maria Carrilho. Embora ele tenha sido um excelente ministro, tenho de responsabilizá-lo. Não se desiste assim. E deixou-nos com Sasportes, o Santos Silva…ou seja, no caos total.»

João Fiadeiro, Notícias Magazine, 14.07.2002

«Acha que nos últimos anos houve uma estratégia consistente, por parte do Governo, para a área do teatro em Portugal?
- Acho que houve nos anos de Manuel Maria Carrilho e que parou aí.»

Ricardo Pais, entrevista ao Diário Económico, 24.05.2002

«Claro, salvam-se na bancada xuxa o Sócrates e o Carrilho, os elegantes de serviço, mas o Sócrates tem aquele nome terrível, socrático, piroso, e leva-se tão a sério que se julga o novo Guterres, coisa de que nem o velho Guterres seria capaz. É um pedante, com frases do género “vocês não acertam uma”, de uma vulgaridade de sócio ricaço. Ninguém apanharia o Carrilho a dizer vocês não acertam uma, mas, pensando bem, um é que tem nome de filósofo e o outro é que é de filosofia.»

Clara Ferreira Alves, Expresso/Única, 20.06.2002

«Está a ver-se a voltar a esse papel interventor, enquanto cidadão numa circunstância em que considere que este governo de coligação PSD/PP não vai chegar a lado nenhum?
-Fiz essa intervenção algumas vezes com o governo de António Guterres, embora tenha tido, desta vez, um par que diria superior: o Manuel Maria Carrilho. Ele fez a sua própria oposição e uma guerrilha ideológica acentuada, quanto a mim muito bem feitas e com resultados.»

Pedro Abrunhosa, entrevista ao Diário Económico, 05.04.2002

«No meio de tudo isto, e quando tantos falavam em restituir qualidade ao país, ninguém – oh, espanto – fala na Cultura. Razão tinha Manuel Maria Carrilho quando afirmava que a política da cultura começa por ser a política de dar visibilidade à Cultura» 

Eduardo Prado Coelho, Público, 01.04.2002

«É a falta de coragem para despir a capa do passado e aproveitar a desorientação do presente para apanhar o mundo de surpresa. E isso, uma coisa dessas, das que nem no PREC os políticos tinham a coragem de fazer, só pode ser feita por alguém como o Prof. Manuel Maria Carrilho. Vocês estão a imaginar o choque? De repente o líder máximo do PS é um dos homens mais inteligentes que existem no nosso país? E tem tanta energia que ninguém aguenta o ritmo dele? E, só para chatear, é bonito e veste-se bem e nem sequer disfarça que é vaidoso, e tem ideias, e corta a direito, e não tem meo de fazer inimigos? E não desiste? E pensem um bocadinho mais para a frente, quando este PS da metamorfose tivesse recuperado a sua antiga unanimidade nacional. E quando o senhor fosse Presidente da República, algum país do mundo voltava a esquecer-se de Portugal? Com a Bárbara a sair do avião vestida pelo Tenente? E o espectáculo irresistível de ver duas pessoas lindas completamente apaixonadas? Quando isto aconteceu na América, é verdade que assassinaram o Kennedy. Mas não há nenhum americano que diga que não valeu a pena»

Clara Pinto Correia, Visão, 07.02.2002

2001

«Guterres não pode queixar-se de falta de avisos. Foram muitos, lúcidos e bons. Chegou mesmo a ter, no Congresso em que foi aclamado pela horda basista arregimentada pelo incansável Jorge Coelho, quem desafiasse as suas posições políticas e governamentais e que, por isso, teve direito a uma vaia monumental. Manuel Carrilho saiu a sorrir e tinha razões para isso»

João Mário Grilo, Visão, 27.12.2001

«[Jorge Coelho] classificou também Manuel Maria Carrilho como a “figura mais notável que o país já teve na área da cultura”, acrescentando que o vê como “uma das pessoa que um dia podem almejar à liderança do PS».

D.D., Diário Económico, 22.10.2001

«Só com Manuel Maria Carrilho é que houve projecto cultural num Governo. Antes disso, e depois, francamente, acho que os projectos estão outra vez na mesma e que isto vai continuar a ser uma coisa triste e sem grande saída, sem grande sequência.»

Julião Sarmento, Working in Progress/F.Calhau, p.179, Fund. C.Gulbenkian, Outubro/2001

pdf

- Era uma criaça irrequieta a quem a avó materna tentava serenar com afagos — «coitadinho, esta cabeça é um vulcão».

Ângela Silva, Expresso/Revista, 11/08/2001

«O grande desenvolvimento que houve no teatro no tempo de Manuel Maria Carrilho não passou pelo aumento de subsídios, mas pelo clima de confiança no ministério da Cultura. Esse clima foi gerador de imaginação, de vontades, de dinâmicas, de projectos. (…) Carrilho preocupou-se em estruturar um modelo. O trabalho foi interrompido.»

Joaquim Benite, entrevista ao Expresso/Actual, 14.07.2001

pdf

«Manuel Maria Carrilho, que nada tem de ingénuo, sempre soube que não era propriamente amado pelo aparelho do PS. A primeira razão e a mais importante é que ousou desprezar aquilo que esse aparelho mais preza e ambiciona – o poder. Em 7 de Julho de 2000, fez o inimaginável, saiu de ministro pelo seu próprio pé, deitou fora o que todos querem. Há outra coisa que o aparelho do PS não perdoa a Carrilho, é o facto de ele existir profissionalmente fora da política. Doutorou-se em Filosofia em 1985 e, em 1993, chegou a professor catedrático. Tem obra publicada em Portugal, França e Bélgica e, quando assumiu a pasta da Cultura pela primeira vez, acabava de ser eleito para a Cátedra Perelman, da Universidade Livre de Bruxelas».

Isabel Braga, Público, 13.05.2001 

«Que balanço faz, desde 1995, da realidade cultural do país e de que forma a política cultural do governo socialista contribuiu para a sua evolução?
-Acho que se mudou muita coisa. Nunca se produziu tanto cinema como agora, não havia o Teatro Nacional São João, não havia o Museu do Chiado como está, não havia o Teatro Viriato em Viseu, não havia uma política do livro tão activa, o mesmo se passa em relação ao património.
E para a alteração desse panorama foi decisiva a acção do ministro?
- Do ministro Carrilho? Sem dúvida. Foi o melhor ministro da Cultura que alguma vez Portugal teve. É indiscutível. Aprecio muito o trabalho de Teresa Gouveia, e de outros que o antecederam. Ele também teve mais tempo, mas foi mais consequente, persistente, abriu muitas áreas de intervenção…E isso teve resultados.»

Miguel Lobo Antunes, entrevista a Pública, 29.04.2001

«Senti um momento de grande esperança no tempo de Manuel Maria Carrilho. Ao contrário do que alguns quiseram fazer crer, não aderi inicialmente à sua política para a Cultura. Logo no início, senti-me muito decepcionado quando, em vez de convocar os agentes culturais, fez uma pseudo consulta e acabou por decidir ele próprio. Muitas vezes, desagradou-me a cedência a um teatro chic, de luxo. (…) Mas tiro-lhe o chapéu por ter defendido absolutamente que o Estado deveria ser responsável pela actividade cultural e por ter criado o máximo de estruturas para que esta funcionasse. Houve um plano, uma vontade de exigir, junto do governo, verbas para a Cultura, uma cabeça a pensar com profundo conhecimento, na maior parte dos casos, do que se estava a passar em cada uma das áreas. Tenho muitas saudades.»

Luís Miguel Cintra, entrevista à Visão, 24.05.2001

«[Manuel Maria Carrilho] de longe, o mais interessante responsável pela política cultural dos governos do pós-25 de Abril»

João Mário Grilo, Público, 19.04.2001

pdf

«Manuel Maria Carrilho tem dois adversários privilegiados. Em qualquer dos casos, trata-se se evitar reduções da complexidade a modelos de dimensão e sentido único. Em primeiro lugar, o adversário é o economicismo, isto é, a perspectiva desenvolvimentista que acha que o desenvolvimento do país está numa “política de betão”, e que o resto virá por acréscimo; em segundo lugar, o adversário é o tecnocratismo, que pensa existe um determinismo tecnológico que assegura que os mecanismos comunicacionais levam directamente ao uso democrático e cultural dessa comunicação (e daí os grandes debates sobre a Internet e as novas tecnologias).

Eduardo Prado Coelho, Público, 14.04.2001

«Quanto a esse entusiasmo [pelo dos criadores portugueses], ele é a origem da comparação que Cintra acabou por fazer entre o actual e o anterior ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, autor, na sua opinião, de uma actuação “essa sim coerente no seu entusiasmo pela responsabilização do Estado no desenvolvimento das actividades culturais”. “Concordo absolutamente”, explica Mantero.”O ministro Sasportes parece estar a fazer tudo para que se admire cada vez mais o ministro Carrilho. Era muito mais sério, consistente, aberto.”(…) Miguel Pereira, que nem há uma semana regressou da Alemanha, onde esteve em trabalho durante cerca de quatro meses, reitera as explicações de Mantero relativas a Carrilho.”Enquanto foi ministro foi bastante criticado mas, agora, passou a ser visto como um herói, uma pessoa que fez um trabalho fantástico”»

Vanessa Rato, Público, 29.03.2001

«Manuel Maria Carrilho fez um trabalho excelente, teve uma entrada de leão, e um dos argumentos que usou quando abandonou o gabinete foi a falta de financiamento para levar adiante o seu projecto.»

José Rodrigues, entrevista a A Página, Fevereiro, 2001

2000

«Manuel Maria Carrilho é uma das “figuras” mediática do Governo socialista. Mediático, com resposta pronta, constitui um dos trunfos de Guterres para polémicas que exijam agressividade. O primeiro-ministro já mostrou que o apoia em causas difíceis, como sucedeu com no Porto-2001.Mas vai ser alvo de muitos ataques e não se sabe se resistirá até ao fim».

José António Saraiva, Expresso, 30.12.2000

«Há nela [na intervenção de Manuel Maria Carrilho], concorde-se ou não, múltiplos elementos de reflexão. Eles têm sido sistematicamente rasurados para converter os textos em meros reflexos de uma estratégia política (ou de vingança pessoal) Algo neste diagnóstico obviamente se perde: acusa-se o mensageiro de tudo e mais alguma coisa para não chegar a ler a mensagem. Só que a mensagem estálá, preto no branco, independentemente das qualidades ou defeitos do mensageiro. Afinal de contas, Carrilho não foi demitido. Demitiu-se precisamente pelas razões políticas que em vindo a explicar».

Eduardo Prado Coelho, Público, 29.12.2000

«O Professor Carrilho, por quem mantenho um interrogativo desgosto, presume dar lógica às suas diatribes (…) e deixa-nos admirados. Confusos, admirados e adormecidos de razão e senso comum Talvez seja isso que pretende. Mas deste torpor de inteligência ainda nos sobra vontade de perguntar: como pode um cristão ser ateu e um navegante não usar leme nem bússola? Se incorpora um partido, tem que respeitar a sua virtude, que é a formação de combate para com as agressões externas. Ora o professor manifesta-se tão livremente que parece gozar da impunidade que dá a filosofia – que é a maneira de construir o mundo sem contar com as pessoas. Sempre me pareceu que o professor Carrilho se movia dentro de um sistema mítico-ritual que se chama violência simbólica e que confiava no poder de atracção deste tipo de violência. Trata as pessoas ( e assim tratou o senhor primeiro-ministro) como símbolos predispostos a selar alianças mas que têm de se conformar com a assimetria existente entre o homem comum e o homem de excepção. Eu creio que o professor Carrilho é demasiado inteligente para as funções que a sociedade lhe pede.»

Agustina Bessa-Luís, Independente, 29.12.2000

«Manuel Maria Carrilho tornou-se num caso único: saiu do Governo, mas não se calou nem se escondeu na intriga. Emite opiniões assinadas por baixo.»

Visão, 28.12.2000

«Os mesmos interlocutores do Público usam inclusivamente o facto de Carrilho ter saído do Governo pelo seu próprio pé, e não remodelado (…), para exemplificar o seu desprendimento da política activa. Garantem, para o efeito, que a determinação de Carrilho em deixar o Executivo passou, inclusivamente, por ser indiferente a insistentes pedidos de António Guterres para ficar no Executivo. (…) Manuel Maria Carrilho não prescinde de um milímetro que seja da sua liberdade – e, como já se tinha visto quando chefiava o ministério da Cultura, adora o cheiro a pólvora.»

João Pedro Henriques, Público, 20.10.2000

pdf

«[M.Mª C.] já entrou no segundo Governo da “nova maioria” com um pé atrás. Não lhe agradou a indefinição do PS quanto ao objectivo de maioria absoluta para as legislativas de 1999, que a direcção do partido teimou em não assumir abertamente. Tentou nessa altura, quando se preparava a campanha legislativa, ter um papel mais activo fora do âmbito estrito do seu Ministério da Cultura. (…) O desencanto do ministro acentuou-se, mas Guterres convenceu-o a ficar (...).Quando assume o segundo mandato no Ministério da cultura, começa a dar gás a duas frentes de combate que já tinha aberto, embora sem grande dimensão pública, na primeira legislatura: a tutela da RTP e a tutela da política cultural externa.»

João Pedro Henriques, Público, 25.10.2000

«A passagem de Manuel Maria Carrilho pelas altas esfera da governação foi inesperada, intensa e deixará rasto (…). Num governo por vezes demasiado pacífico, Carrilho soube impor direcção ao respectivo ministério. Cortou a direito para atingir os fins, tinha uma ideia clara do que queria e soube transmiti-la, não pediu licença a ninguém para ter opiniões próprias (como a que, a tempo e horas, defendeu sobre a televisão estatal), reservou, em suma - na sequência de uma tesourada orçamental indecente - um lugar mais do que justo na reserva estratégia do PS.»

António Cerveira Pinto, Sofia, Julho/2000

pdf

«Gostaria, para terminar, de dizer que não me move nenhum panegírico a Manuel Maria Carrilho. Mas, reconheço, gosto daqueles humanos que entram quando acham que sim e saem quando acham que não; é a condição humana no seu melhor que aí se encontra.»

Carlos Amaral Dias, Expresso, 29.07.2000

pdf

«Porém, mal foi indigitado e nomeado ministro da Cultura (...) logo Carrilho se evidencia entre os colegas do Governo escolhido por António Guterres como um dos poucos capaz de se declarar politicamente. Durante largos períodos, foi até o membro do Governo mais disponível para a luta política e, se bem me lembro, o único que afrontou Marcelo Rebelo de Sousa ao seu nível. Bastariam esses sinais para se detectar a passagem do catedrático à condição do homem político.»

José Medeiros Ferreira, Diário de Notícias, 18.07.2000

pdf

« (...) em última instância, o que está em causa é o respeito que os portugueses merecem e a continuidade ou não de um trajecto que, pela primeira vez, tinha colocado as coisas da cultura nos eixos exactos.»

Emídio Rangel, Diário de Notícias, 15.07.2000

«E é pena, porque se há políticos que em Portugal têm actos de que se podem orgulhar e ideias que se podem discutir, um deles é sem dúvida, Manuel Maria Carrilho.» 

J.Morgado Fernandes, Diário de Notícias, 15.07.2000

«Nenhum ministro deste Governo suscitava tantos anticorpos como Carrilho. E no entanto quando ele se demitiu, constatou-se que o balanço positivo da sua acção se impôs claramente às apreciações negativas Porque vivemos num país onde não parece bem dizer mal de quem parte (ou de quem morre)? Ou porque Carrilho foi um dos raros ministros de Guterres que construiu uma política e deixou uma herança – que tinha ideias, se batia por elas e procurava concretizá-las, impondo a cultura como um dos eixos estratégicos e consequentes do Governo? Mesmo onde a sua arrogância, as suas apetências centralizadoras e providenciais, o seu insaciável narcisismo comprometeram a afirmação de novas políticas – foi o caso mais notório do Património – ou o arrastaram para um percurso errático, Carrilho rasgou caminhos estimulantes e dinamizadores e ordenou um território que, antes dele, não tinha configuração nem coerência, votado que estava a uma menoridade mais ou menos decorativa e excêntrica. Ele não só ergueu e deu sentido a um ministério que não existia, elevando a cultura a uma dignidade política própria, como porventura tornou irreversível a necessidade de uma política cultural com estatuto de maioridade.»

Vicente Jorge Silva, Diário de Notícias, 14.07.2000

«Numa brevíssima síntese, porém, talvez se possa dizer que Carrilho acabou por mostrar ter uma ideia e uma estratégia para o sector, mostrou que sabia o que queria e para onde ia, sendo largamente positivo o saldo global do seu mandato»

José Carlos de Vasconcelos, JL, 14.07.2000

«Já se sabia que a chamada Cultura era um pouco mais que a cereja no bolo suculemnto da política. A demissão do mais mediático ministro da Cultura só o confirmou. Ninguém, entre nós, assumiu a sua missão cultural com menos problemas de consciência. Não sabia para onde ia, mas sabia, e soube, o que queria. Coisa rara em Portugal e entre portugueses. Só por isso a sua demissão tinha de aparecer como um acontecimento «político» maior. Que mais não fosse por ter alterado o estatuto «político» da Cultura em cena portuguesa. E, indirectamente, cultural, em sentido próprio. De ministério mais ou menos «decorativo», Manuel Maria Carrilho trouxe a Cultura, e não só em termos mediáticos, para o recreio dos «grandes». Entenda-se, o da política. (…) com ele triunfou a ideia de uma tendencial «culturalização» do político (…) , graças à sua percepção e à sua coragem em não ter deixado confiscar a esfera cultural pela do político, convencendo o político de que esse era o seu interesse e a sua salvação.»

Eduardo Lourenço, Visão, 13.07.2000

«(…) o homem que, ao longo de cinco anos, pôs em prática a política cultural mais bem pensada, organizada e propagandeada, e a mais convicta e solidamente socialista desde o 25 de Abril.»

Eurico de Barros, Diário de Notícias, 11.07.2000

«No almoço que com ele tive na quarta-feira passada, Manuel Maria Carrilho não me disse que se iria demitir. Limitou-se a querer comer na varanda do CCB, a perguntar-me onde é que e tencionava passar o Verão, a olhar o rio e a dizer que lhe apetecia imenso ir para férias. No final, quis mesmo comer um mil-folhas, o que, para quem conhece a sua austeridade gastronómica, me pareceu o cúmulo da libertinagem. Foi no mil-folhas que percebi que a demissão era irreversível.»

Eduardo Prado Coelho, Público, 10.07.2000

«Penso que [Manuel Maria Carrilho] teve uma gestão mais do que positiva. Deu à cultura portuguesa uma dimensão política nova. A sua demissão é um facto político importante não só no que diz respeito à cultura mas ao status do governo. Não foi só ministro da Cultura, mas tornou-se uma personalidade importante da política portuguesa».

Eduardo Lourenço, Público, 09.07.2000

«Manuel Maria Carrilho é certamente um dos responsáveis pela cultura que fica como dos mais fortes e decisivos. É um intelectual com uma considerável vocação administrativa. Em primeiro lugar, criou uma política cultural coerente, marcadamente à esquerda. Em segundo lugar, é um mérito seu, tem uma imagem internacional muito respeitada. Em terceiro lugar, estabilizou uma arquitectura para o Ministério da Cultura. Finalmente, teve um sentido inovador em áreas como o design ou a arte contemporânea.» 

Eduardo Prado Coelho, Público, 09.07.2000

pdf

«O mais eficaz. O mais apoiado. O mais irritante. Manuel Maria Carrilho foi o responsável da Cultura com mais meios e mais obra feita, os partidários mais leais e os detractores mais emotivos de sempre em Portugal, e o seu lema podia ser “tudo o que não me mata, torna-me mais forte”.»

Alexandra Lucas Coelho, Público, 09.07.2000

«Manuel Maria Carrilho era politicamente incorrecto, em particular para o Partido Socialista. A cultura socialista não tolerou o seu nascimento e menos ainda a sua gestão irrequieta. Talvez por isso o ministro demissionário se tenha esforçado por ser também politicamente incorrecto para o principal partido da oposição. No palavreado e na postura, sem receios de ódios entre socialistas e sociais-democratas. E consegui-os, com gozo. Um gozo que António Guterres nunca comentou, que essas gargalhadas sempre foram reservadas às paredes do seu velho sótão. O ministro da Cultura dizia o que Guterres não arriscava dizer, mesmo sem recorrer a figuras de estilo de gosto duvidoso. Manuel Maria Carrilho foi útil a Guterres e ao Governo ao transformar incómodos sem rosto em inimigos personalizados. Carrilho não sai vencido por inimigos, que a sua gestão também fez muitos amigos públicos e notórios. Soube balanceá-los e fez política. O ministro da Cultura demitiu-se do Governo de António Guterres. Esperou pelo regresso de Guterres, pelo fim da presidência da União Europeia, mas não aceitou ir de férias como ministro. Não quis participar na rentrée política, porque já nada tem que fazer. São estas as “razões pessoais” que o primeiro-ministro não quis ontem comentar. A demissão de Carrilho é por razões de Governo, do que este tem ainda para dar. O ex-ministro terá avaliado que este Governo de nove meses é velho. Nunca conseguiu aliás ser novo, mas apenas um desgaste do anterior. Assim, mesmo para quem foi à luta - e sabem-no melhor os opositores do que os apoiantes de Carrilho – há lutas que não valem a pena. É por isso que a demissão do ministro da Cultura é um barómetro para Guterres ter em conta. Mais do que as sondagens sobre o voto.»

Francisco Azevedo e Silva, Diário de Notícias, 09.07.2000

pdf

«O auto-retrato».

Carlos Magno, Diário de Notícias, 09.07.2000

«Qual o político que mais admira?- Manuel Maria Carrilho, porque teve a coragem de dar uma dimensão humana à política na medida em que assumiu a sua fraqueza emocional. Não gosto do Governo do PS, mas acho que Carrilho, apesar de tudo, tem sido uma lufada de ar fresco.»

Manuel Serrão, entrevista ao Expresso, 24.06.2000

«Numa entrevista assinada por Fernanda Câncio, (DN, 18/04), entrevista a vários títulos interessante e estimulante, Manuel Maria Carrilho fala assim da solidão: “Entendo a solidão como o modo mais autêntico de estar com as outras pessoas”. Sem ironia: é uma das mais contundentes afirmações saídas nos últimos tempos da boca de um político português. Mais do que isso: é um enunciado dinâmico e, em si mesmo, criativo lançado num espaço político-partidário onde predomina a retórica, o efeito de repetição, o discurso de telejornal.»

João Lopes, Diário de Notícias, 29.04.2000

«Nenhum ministro faz uma literatura. O que não impede que por ela se bata. Assim, Manuel Maria Carrilho, que desde a primeira hora se tem batido pela nossa literatura (e em geral pela cultura portuguesa) como factor político de posicionamento do nosso país no mundo. O “Salão do Livro” em Paris, em que Portugal é convidado de honra, coroa esse seu combate.»

JL, 22.03.2000

«É um ministro com uma ideia do que deve ser um Ministério da Cultura e uma política cultural e tem conseguido impor uma imagem internacional que hoje o torna respeitado em termos europeus e no conjunto dos ministros da Cultura. Por vezes conflituoso e incomodativo, tem uma personalidade forte e afirma-a. Tenho discutido muito com ele sobre as grandes linhas do seu projecto cultural. Como se trata de uma discussão muito antiga, que data de muito antes de eu pensar que ele poderia vir a ser ministro da Cultura, devo dizer que estou quase de acordo em todos os aspectos»

Eduardo Prado Coelho, entrevista ao JL, 08.03.2000

«Não sabemos porquê nem nos queremos meter nisso. Mas se escritores, actores, encenadores, realizadores de cinema, músicos e gestores e animadores culturais aplaudem o ministro da cultura – até há quem o classifique de fenómeno mais rico da cultura desde António Ferro - quem somo nós para duvidar? Algum mérito o sr.ministro deve ter, para se dizer tão bem dele num particular momento em que só ser deste governo já abona pouco.»

Tal e Qual, 04.02.2000

1999

pdf

«Ninguém defende o tão defensável Carrilho – o único ministro culto, original e valente deste século inculto, conformista e cobarde.»

Miguel Esteves Cardoso, O Independente, 14.11.1999

«Porque é que ele quis ficar na Cultura?
- Tem uma grande influência. E uma dimensão que normalmente não existe na política, que é a da filosofia…
Esse território, segundo diz, só dos homens…
- Acho que sim. A maior parte das pessoas são ocupadas. Ele não é uma pessoa ocupada, faz os outros ocupados…fartam-se de trabalhar à volta dele [risos].Ele tem um lado superior, de fascinação, até. (…)
Está interessado em quê, no poder?
- Não... talvez não. Aí está, é uma pessoa enigmática [risos]»

Agustina Bessa-Luís, entrevista a Pública, 31.10.1999

«Queria saudar particularmente a presença do senhor ministro, que está sempre com os artistas, o que nunca acontecia antes. Espero que esta antestreia seja também a antestreia de um novo mandato».

Manoel de Oliveira, DN, 25.09.1999

«Preto no branco, eu, que tantas vezes critiquei, até acho que o balanço é positivo, mas não esqueço as insuficiências e os disparates. E também sei que, com este PS, o mais provável é que quem vier depois seja bem pior»

A.M.Seabra, Público, 27.06.1999

pdfpdfpdf

«Goste-se ou não do ministro, temos de reconhecer que há hoje o que nunca tinha existido. Há um Ministério da Cultura a funcionar, arquitectado com clareza e nitidez. Há uma consciência muito forte de que uma política cultural não é um conjunto de emoções mais ou menos generosas, mas um sector que implica um conhecimento profundo da especificidade dos problemas, nas suas dimensões não apenas técnicas, mas também económicas, sociais ou jurídicas. Há também a ideia muito vincada de que uma política socialista da cultura não é uma política qualquer, é uma dimensão essencial do projecto socialista. Há um sentido de identidade não fossilizada, de modernidade aberta e inovadora, e ao mesmo tempo uma lúcida apreensão do modo como as indústrias culturais condicionam a criatividade cultural. E há um ministro da Cultura que é hoje um ministro de prestígio europeu, informado, culto ( o que não tão frequente como isso) e capaz de de defender um pensamento próprio a partir de uma experiência pessoal extremamente rica.»

Eduardo Prado Coelho, Público, 24.06.1999

«- Manuel Maria Carrilho é um tipo fantástico…é um intelectual que entrou na acção…é, na minha opinião, o melhor ministro da cultura da Europa.
- Não estará a exagerar. Não é essa a opinião de muita gente em Portugal…
- Eu penso isso, sinceramente. Se tivesse de distribuir pontos aos vários ministros da União Europeia, era a ele que daria a maior cotação. Faz um trabalho em profundidade, sério…reorganizou totalmente o ministério da Cultura.» 

Jack Lang, entrevista ao Expresso, 05.06.1999

pdf

«E é por isso surpreendente que alguém ainda se surpreenda com aquilo por que se bate Manuel Maria Carrilho.»

António Mega Ferreira, JL, 05.05.1999

«Avant une conférence, hier soir, cérémonie officielle, genre diplomatie mondiale : j’ai signé une convention entre Porto qui devient ville-refuge et le Parlement International des écrivains. En présence du ministre de la Culture du Portugal, un ami qui, en 1984, alors qu’il était professeur à l’Université et mon hôte à Lisbonne, m’avait emmené à l’hôpital à 3 heures du matin. Je lui avais téléphoné en plein crise, cela m’arrivait souvent cette année-là avant l’ablation d’une pierre et d’une vésicule biliaire.»

Jacques Derrida, La Contre-allée, Ed. La Quinzaine Littéraire, 1999

1998

«Como é que de Lanzarote, o José Saramago avalia a política cultural deste governo?-
Os ecos e as notícias que tenho é que está a trabalhar-se bem (…)Tanto, que não creio haver, em toda a vida democrática, desde os anos da Democracia que estamos a viver, nenhum outro governo que tenha tido uma política tão coerente como este. Nos seguintes planos…das bibliotecas, dos arquivos, digamos, em tudo.»

José Saramago, entrevista à RTP, 03.12.1998

«E já que não posso nomear todos os que intervieram neste processo, deixem que os represente a todos na pessoa de Manuel Maria Carrilho, ministro da Cultura. Se bem se lembram, um dos primeiros acontecimentos do seu pontificado foi a atribuição do Prémio Camões a José Saramago. Logo foi o sinal que ele não seria Lara. No dia da festa, ele foi a presença constante em todas as estações, em todos os noticiários. Nunca deixou que a paixão lhe turvasse a análise, mas também jamais abdicou de falar apaixonadamente. Aquela cabecinha estava certa com aquela alma. Nada de discurso oficial, de pose, de solene hipocrisia ou da banalidade balofa dos conselheiros mais ou menos acácios que entre nós pululam. O seu principal mérito foi este: passar despercebido do ministro da Cultura. A sua lição foi bem simples: Saramago não se realiza com este prémio, realiza-se com os seus leitores. (…) Oiçam esta “Se perguntássemos quantas vezes veio ao Canal 1, teríamos certamente uma má notícia” As palavras são de Manuel Maria Carrilho. Foram ditas no próprio canal 1. Numa estação que disponibiliza todas as câmaras para o futebol e que não tem uma equipa para acompanhar a forte representação portuguesa em Frankfurt. Agora torce a orelha, mas não deita sangue. Tudo porque ignorou as palavras de Manuel Maria Carrilho: a projecção de um país consegue-se principalmente através da sua cultura. A televisão portuguesa é uma máquina de bestializar. Carrilho nunca diria isto, porque é uma pessoa bem-educada. Posso dizê-lo eu, que não sou.»

Mário Castrim, Tal e Qual, 16.10.1998

«Hoje, já se pode dizer que as grandes transformações na Cultura se devem bastante ao Manuel Maria Carrilho Este ministro é de um dinamismo extremo. De tal forma que acaba por destruir colaboradores que não conseguem aguentar a “pedalada”, ficam completamente desfeitos ao fim de algumas semanas.»

Eduardo Prado Coelho, Semanário, 21.03.1998

«A política para o teatro melhorou?
-Imensíssimo. Alguém que diga o contrário, que não melhorou nada e está tudo na mesma, acho porco. Não acredito que esteja a falar verdade, acho que está a fazer demagogia.»

Luís Miguel Cintra, entrevista a Vida Mundial, Outubro de 1998

1997

pdf

«Ce jeune professeur de philosophie contemporaine, néophyte en politique, a su mettre en place la première véritable politique culturelle au Portugal. Il est un des personnages les plus en vue du gouvernement».

Marion Van Renterghem, Le Monde, 12.11.1997

«(…) reconheço que o ministério da Cultura está a fazer um bom trabalho.»

José Saramago, em entrevista a Nova Gente, 05.11.1997

«Acredita neste Ministério da Cultura?
- Eu respondo-lhe com uma pergunta. É capaz de entregar a sua energia, a sua cabeça a alguma coisa em que não acredite? (…) Antes eu era passiva, agora sou activa, mas sempre acreditei no ministro. É a mesma coisa que se passa com o Manoel de Oliveira e com os argumentos. Está tudo envolvido da mesma maneira. Ou se acredita ou não.»

Leonor Silveira, entrevista ao Semanário, 23.08.1997

Gostei, gosto do ministro da Cultura uma vez mais, e o caso é que há uns tempos não estava para aí virado. Manuel Maria Carrilho conquistou-me, passe a palavra, através de sucessivas intervenções na TV e também decisivamente por força das muitas asneiras que contra ele têm sido disparadas. Julgo entender os mecanismos do disparate: foram muitos os que olhando um sujeito com ar de pessoa bem-educada, nomeado ministro da cultura e, para mais, especializado em filosofia, sossegaram: aquele não viria «fazer política», que é como quem diz, embaraçá-los. Afinal, para grande espanto e indignação seus, Carrilho «faz política», isto é, tem ideias claras sobre Kant e Schopenhauer, mas também sobre Marcelo Rebelo de Sousa e a utilidade funcional de Manuel Monteiro. A julgar pelos comentários havidos, isto de um ministro fazer política é um escândalo sem precedentes. Sobretudo se além de fazer política, tem ideias e as exprime. Mais ainda se é ministro da Cultura. (…) Entretanto, Manuel Maria Carrilho, que por acaso nem é arrasadoramente simpático pelo menos na TV, lá continua, sempre com maneiras excelentes que não excluem a clareza adequada o espírito demolidor, a fazer política e a gerir o seu Ministério. Pelo menos nisso é didáctico. Gosto.»

Correia da Fonseca, Jornal do Fundão, 13.06.1997

pdf

«Chegou ao Governo de Guterres com fama de “frágil”. Pura ilusão. Lá por ser visto num bar lisboeta com esse nome, Manuel Maria Carrilho nunca foi de gelatina. E mostrou-se pronto para a luta logo no primeiro discurso que fez na Assembleia da República».

Carlos Magno, Diário de Notícias, 08.06.1997

«Fica, pois, manifesto estarmos diante de uma nova e original concepção do filosófico, aquela mesma que Carrilho dizia ser preciso suscitar, ‘em que a procura de inteligibilidade substitua, nos seus desígnios reguladores, a pretensão à verdade’, a retórica filosófica orientando-se ‘por uma ‘lógica’ não de exclusão mas de natureza, ou de vocação englobante. Essa nova concepção, ao envolver a substituição da referência lógica pela referência retórica, implica a ‘substituição das exigências de validade pelas de inteligibilidade’».

Oswaldo Porchat, in Principia, n.º de Junho, 1997, p. 73 (Porchat dedica as pp. 70-79 às teses de Jogos de Racionalidade)

«Finalmente, temos um ministro da Cultura actuante»

Ricardo Carriço, Independente, 16.05.1997

«Estamos longe de ter chegado ao vinte mas, no caso da Cultura, de facto passou-se do zero ao doze. O parque de Foz Côa foi um acto de coragem política que saudei entusiasticamente. A política que está neste momento a ter com o livro, acho que vai resultar» 

Pedro Abrunhosa, O Diabo, 15.03.1997

«A pergunta certa é, pois: o que faz correr o ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, porque é dele que se trata? E porque escolheu esta altura para, num artigo publicado no Público (“Política cultural: as diferenças”, 2/4/97) e numa entrevista ao Expresso (“Marcelo é pura gelatina política, 5/4/97) se afirmar como o mais político do ministros desta governo, se não mesmo o seu ideólogo? As explicações podem ser várias. Mas, para já, o ministro coloca os seus críticos socialistas, que os tem e poderosos, na defensiva; depois, passa ostensivamente uma imagem pública que transcende e de um mero ministro da cultura, preocupado com as gravuras de Foz Côa ou com a presidência da Tóbis. Carrilho quer continuar ministro da Cultura, mas deseja também ser visto como um político que pensa a esquerda do futuro. E quem actua assim tem obviamente ambições políticas superiores às funções que actualmente exerce».

Nicolau Santos, Público, 08.04.1997

«A equipa que temos no ministério da Cultura é um luxo em qualquer parte do mundo, o meu entusiasmo não se prende com a opção política do Manuel Maria Carrilho, mas por ele ser quem é e fazer o que faz. Pela primeira vez em muitos anos temos um indivíduo inteligente e culto como ministro da Cultura»

Julião Sarmento, DNA, 26.04.1997

« (…)
- a outra surpresa [do Governo] é Manuel Maria Carrilho…
- É a maior surpresa de todas.
- Gosta do estilo?
- O ministro da Cultura já provou mais de uma vez que tem coragem e não é de borracha (…) tem coragem política, discernimento e a palavra exacta no momento certo. E isso é um dom.»

Fernando Gomes, entrevista ao Diário de Notícias, 15.02.1997 

«Felizmente, numa das poucas ocasiões em que vale a pena olharmos para o ecrã, podemos ouvir o ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, numa emissão intitulada“Figuras de Estilo”, traçar este diagnóstico de grande lucidez: “o problema português não é o de atingir ou não atingir a pós-modernidade, mas sim o de desenvolver os valores da modernidade».

Eduardo Prado Coelho, O Cálculo das Sombras, Ed. ASA, 1997, p. 99

1996

«A coerência evidente que a leitura do conjunto de textos e de algumas entrevistas reunidos neste livro [Aventuras da Interpretação], apresenta, faz dele um notável exemplo de ensaísmo,pela forma como nos mostra que o ensaio supõe uma implicação na comunidade, não se destinando de modo nenhum a um círculo restrito de especialistas. Tal evidência deve-se sem dúvida à capacidade do seu autor para colocar de forma interessante os problemas de que trata, mas esta não é dissociável de uma concepção da filosofia várias vezes reiterada. A filosofia, enquanto actividade fundamentalmente problematizadora que não ilude a diferença irreparável entre problema e resposta, não ocupa, segundo esta concepção, qualquer lugar privilegiado no conjunto das disciplinas (…) A problematização é aqui entendida como uma aventura da interpretação. Não só porque a maior parte destes textos parte explicitamente da leitura de outros autores mas sobretudo porque, adoptando a conhecida afirmação nietzschiana “não há factos, só há interpretações”, dela se extraem duas implicações decisivas: por um lado, não há um sentido único a decifrar; por outro, a novidade absoluta é impossível, pois só pela tradução das tradições se constrói a resposta à interpelação do atrito que todo o acontecimento é.»

Joaquim Afonso, Expresso, 04.05.1996

pdf

«O que pensa um filósofo a quem acontece estar no poder?»

Artigo de Alexandra Abranches, JL, 13.03.1996

1995

«Quarta-feira, 29 de Novembro, Carlos Pinto Coelho entrevistou no seu Acontece Manuel Maria Carrilho, ministro da Cultura. Naquela que foi a primeira entrevista (por breve que tenha sido) à comunicação social desde que assumiu funções, ficaram traçadas as três linhas que vão orientar a sua política: o papel do Estado na Cultura será interveniente, transversal (isto é, multifacetado nas suas iniciativas) e, por fim, empenhado no diálogo com os agentes culturais de raíz institucional (atenção às hierarquias). Mais, o ministro explicitou igualmente o objectivo destas três estratégias concertadas — equilíbrio de exigência, quer na conservação do património, quer no apoio à criação. Descontada a costumeira referência piedosa à ‘grande aposta’ no intercâmbio com os PALOP’s, o essencial ficou claro: «O Estado está ao serviço da cultura e não a cultura ao serviço do Estado».
Como é natural, a repercussão (palavra hedionda) não tardou. Na ‘crítica televisiva’ (do Público 11/12/95), Carrilho foi considerado em estado de graça (tal como o Governo). Sendo esta a sua primeira intervenção pública esclarecedora quanto às políticas que tenciona aplicar, a reacção dos ‘media’ não é irrelevante. E embora um único comentário não seja significativo, este, por ter surgido no Público, é significativo: jornal alinhado à esqueda, o Público tende naturalmente a conceder à cultura um espaço importante; por isso — e não por quaisquer ‘favores’ —as notícias, e o destaque que lhe é dado, respeitantes a Carrilho são quase sempre elogiosas. Um caso claro disso acorreu quando se deu o debate parlamentar sobre Foz Côa (24/11/95). No Público, Carrilho foi apresentado como vencedor ‘seguro das suas opções e a dar licões de política’ (Isabel Braga dixit), naquilo que foi uma cobertura minuciosa do debate na Assembleia. (...) É um dos dons de Carrilho: por onde passa nunca passa despercebido».

Carlos Leone, Grandamadora, 05.12.1995

pdf

«A estreia do ministro da Cultura no parlamento revelou um político de sangue frio.»

Isabel Braga, Público, 25.11.1995

pdf

«Uma “temporada” em missão de serviço, que a sua vida tem outro governo. E uma missão precisa: fazer cumprir o que foi prometido.»

Maria Leonor Nunes, JL, 25.10.1995

«Gostei muito, muito, da escolha de Manuel Maria Carrilho para ministro da Cultura. O poder, como sabeis, é uma carga de trabalhos, ingrata e traiçoeira, mas Portugal nunca teve, em cargo semelhante, uma pessoa tão verdadeira e sinceramente culta, elegante, educada e justa como esta que Guterres convenceu a aceitar o encargo. Tal como David Mourão-Ferreira e Vitorino Magalhães Godinho, a questão não é a de saber se ele mereceu o cargo, mas se o país o merece a ele»

Visão, 19.10.1995

«É rara, entre nós, a palavra dos filósofos – assim começa o livro [A Filosofia] de Manuel Maria Carrilho para a Difusão Cultural, e que tem precisamente como tema “o que é a filosofia”.(…) Neste contexto, Manuel Maria Carrilho desempenha um papel essencial. Independentemente da obra que tem vindo a construir (e neste livro há mesmo o esboço do que poderá vir a ser futuramente uma autobiografia filosófica), podemos começar por assinalar o seu trabalho incansável de animador da vida filosófica portuguesa, quer através de convites a personalidades estrangeiras, quer pelo trabalho de informação e reflexão desenvolvido em sucessivas revistas e colecções (lembremos neste momento o excelente projecto editorial que conduz na ASA), quer pela organização de encontros de encontros e colóquios ou pela invenção de livros (é o caso do Dicionário do Pensamento Contemporâneo, que organizou para as Publicações Dom Quixote), quer ainda pela colaboração estreita com teóricos e criadores artísticos ( é o caso das intervenções na preparação de espectáculos de Ricardo Pais, é o caso ainda da sua cumplicidade com as pesquisas de Pedro Frade), pelo labor desenvolvido no plano pedagógico (recordam-se das polémicas suscitadas pelo seu projecto de reforma dos programas de ensino da filosofia em Portugal?) ou pela intervenção cívica em acções de ordem política. Esta aparente dispersão (onde não se pode omitir uma presença internacional rara e significativa) pode levar-nos a uma espécie de distracção mundana que consistiria em esquecermos que existem textos e que um determinado percurso, feito de contornos e de experiências por vezes dolorosas, tem vindo a configurar-se com uma crescente coerência. Redigir um pequeno livro tendo por tema “o que é a filosofia”, mesmo que o autor restringisse os seus propósitos à filosofia contemporânea, não era de modo algum uma tarefa fácil. Manuel Maria Carrilho executou-a brilhantemente, e podemos dizer que cometeu uma dupla proeza: deu-nos um retrato bastante completo da filosofia dos nossos dias e ao mesmo tempo um balanço do estado actual da sua própria reflexão.»

Eduardo Prado Coelho, Público, 15.06.1995

«Manuel Maria Carrilho é um caso à parte no panorama filosófico português. Desde logo pela regularidade e pela intensidade, entre nós absolutamente ímpares, da sua obra publicada. Depois, pela exemplar atenção dessa obra ao pensamento contemporâneo na estimulante diversidade dos seus movimentos. Por último, e decisivamente, porque o conjunto dessa produção se foi organizando como criação, livro a livro mais consistente, de uma nova ideia de filosofia susceptível de induzir um fecundo “esquecimento” das melancólicas teorizações crepusculares sobre a crise ou mesmo o fim dessa actividade. É sobretudo isso, a focalização do seu trabalho numa ideia directriz em processo contínuo de explicitação, que faz de Carrilho, sem contestação possível, um filósofo. Só deste ponto de vista, ou por inserção num necessitante percurso criativo, se pode compreender a importância estratégica do recente ensaio sobre Jogos de Racionalidade (ASA, 1994). Porque este não é apenas «mais um» livro seu. É, pelo contrário aquele em que a perseguida ideia de filosofia atinge enfim uma determinação completa, uma plena formulação temática e com ela também um, concomitante, estatuto programático. Trata-se, digamos, de uma espécie de «discurso do método» do autor: de um texto-charneira, ao mesmo tempo uma súmula e uma abertura, um ponto de chegada e um ponto de partida. Como se, com este livro (…) ele se desquitasse da tarefa de teorizar a filosofia e se libertasse para a de simplesmente fazer filosofia.»

Sousa Dias, Jornal de Letras, 29.03.1995

1994

pdf

«Com esta excelente formulação, fico bastante mais tranquilo. E já não me dá vontade de rir a ideia de um fllósofo atado ao seu problema e a tentar resolvê-lo com aplicação e afinco. Porque, como sublinha muito bem Manuel Carrilho, no capítulo final do seu livro, uma «concepção retórica da fllosofia» encontra na cultura, e não na ciência, o seu espaço de referência fundamental (e é aqui que está a minha escolha de Rorty contra Quine), o que leva a «um alargamento efectivo do pensável».

Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não escrevi - II, Ed. ASA, 1994, pp. 333-335

1993

«Here is a small book [Rhétoriques de la modernité] that is easy to read and very clear. But it isn’t simple. In its aims to discuss all the important positions with which it deals, and to propose a privileged point of view, it is quite ambitious. 

Nanine Charbonnel, Philosophy and Rhetoric, vol. 26, 1993/3, p. 248

«L’avenir appartient toujours à ceux qui s’interrogent, les autres ont rivé le temps au passé ou sont parvenus à en oublier le cours. Nul doute, en ce sens, que n’aient l’avenir pour eux les philosophes qui ont acquis ou retrouvé le sens des problèmes.(…) Ainsi Manuel Maria Carrilho en a-t-il conclu, à juste titre, que leur tache consiste à mettre à jour les présuppositions des arguments qui les opposent, à chercher par conséquent à élaborer une légitimité sur fond de cette « crise des récits » (selon l’expression de J.-F Lyotard) qui sonne le glas des représentations du monde. M.M.Carrilho évoque le « tournant rhétorique » que nous impose le souci retrouvé de cette contingence. D’autres que lui, comme Henri Atlan, n’hésitent pas à en appeler à la redécouverte de Protagoras et de la sophistique. Il s’agit en tout cas d’affronter ls disparition de la prétention dogmatique à l’universalité ainsi que l’abandon de toute fondation ultime de la connaissance. (…) Carrilho montre avec pertinence comment le problème de la rationalité est devenu pour nous un problème de frontière et non plus de critère, particulièrement depuis que les philosophes ont renoncé à imposer leurs interprétations et leurs paradigmes.» 

Jean-Michel Besnier, Histoire de la philosophie moderne et contemporaine, Ed.Grasset, 1993, pp.653-654

«Le projet de ce livre, Rhétoriques de la modernité, est au moins original, à l’heure ou chacun se croit tenu d’annoncer ou de dénoncer « la crise » (de la démocratie, de l’économie, de la morale, de la science, etc.), enfin un chercheur qui nous déclare que l’une de ces crises – sans doute la plus importante, celle « du bon usage de la raison» - est terminée. « Façon de dire », sans doute, mais les occasions d’optimisme sont trop rares pour qu’on s’en prive ! D’autant plus que cette conclusion d’apparence paradoxale est fort soigneusement argumentée par un large balayage des discours contemporains sur les philosophies de la rationalité (…) Si soigneusement argumentée qu’elle a, pout l’essentiel, emportée ma conviction.»

Jean-Louis Moigne, Le cahier des lectures MCX, 1993

1992

pdfpdf

«Almoço de filósofos, se a expressão não é abusiva, organizado pelas Presses Universitaires de France, para lançamento do livro em que Manuel Carrilho traça uma excelente visão de conjunto da sua problemática: Rhétoriques de la modernité

Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não escrevi - I, Ed. ASA, 1992, pp. 333-335.
Ver também Tudo o que não escrevi – II, Ed. ASA,1994 pp. 365-368.


«Le projet de ce livre, Rhétoriques de la modernité, est au moins original, à l’heure ou chacun se croit tenu d’annoncer ou de dénoncer « la crise » (de la démocratie, de l’économie, de la morale, de la science, etc.), enfin un chercheur qui nous déclare que l’une de ces crises – sans doute la plus importante, celle « du bon usage de la raison» - est terminée. « Façon de dire », sans doute, mais les occasions d’optimisme sont trop rares pour qu’on s’en prive ! D’autant plus que cette conclusion d’apparence paradoxale est fort soigneusement argumentée par un large balayage des discours contemporains sur les philosophies de la rationalité (…) Si soigneusement argumentée qu’elle a, pout l’essentiel, emportée ma conviction.»

Jean-Louis Moigne, Le cahier des lectures MCX, 1993

1989

«Qualquer leitor atento à realidade editorial portuguesa certamente já se apercebeu que nunca no nosso país se publicaram tantas páginas de filosofia como nestes últimos tempos. São muitas as obras traduzidas, são várias as revistas da especialidade publicadas com regularidade. E deve-se ter igualmente apercebido que a crítica de expressão filosófica tem desempenhado um papel importante na divulgação ao grande público das questões principais que se colocam hoje em filosofia e das diversas polémicas que animam e problematizam a nossa contemporaneidade. (…) O nome de Manuel Maria Carrilho está ligado a todo este processo, pois foi um dos que mais contribuiu para a situação que actualmente presenciamos. Não é demais salientar a sua intervenção na cena filosófica portuguesa (e, mal-agrado de alguns, na internacional também) nem o trabalho dinamizador que realiza na selecção de obras para publicação, na direcção de revistas, primeiro a Filosofia e Epistemologia e actualmente a revista Crítica, e o muito que fez pelo desenvolvimento da investigação filosófica séria (…) Desde 79, ano em que organizou o volume História e Prática das Ciências, M.M.C. tem publicado regularmente. Em 82 edita O Saber e o Método pela IN-CM, e em 86 Razão e Transmissão da Filosofia, trabalho com o qual se doutorou em Filosofia na Universidade Nova, onde é professor. A obra agora dada à estampa, Itinerários da Racionalidade, evidencia muitos temas que desde sempre o interessaram: a reflexão sobre o estatuto e a prática da transmissão dos saberes, a interrogação sobre a ciência e os seus mecanismos, a problematização desta como domínio privilegiado gerador de verdadeiros problemas filosóficos.»

Maria Lúcia Novais, Expresso, 24.06.1989

correio@manuelmariacarrilho.pt